1.
O legionário deve “revestir-se da armadura de Deus” (Ef 6, 11).
A
Legião Romana, cujo nome foi adotado pela organização, atravessou os séculos com
uma gloriosa tradição de lealdade, de coragem, de disciplina, de resistência e
de triunfos, embora a serviço de causas por vezes indignas, ou, pelo menos,
puramente terrenas (Conferir Apêndice 4: A Legião Romana). Evidentemente que a
Legião de Maria não pode apresentar-se à sua Rainha com menos virtudes que a
Legião Romana, como se fosse uma jóia, mas sem as pedras preciosas que a
enfeitam. As velhas virtudes daquele exército são, por conseguinte, o mínimo
exigido para o serviço legionário. S.
Clemente, que foi convertido por S. Pedro e trabalhou com S. Paulo, propõe a Legião
Romana como modelo a ser imitado pela Igreja.
“Quem
são os inimigos? São os perversos que resistem à vontade de Deus. Lancemo-nos
pois, resolutamente na batalha de Cristo e sujeitemo-nos às suas gloriosas
ordens. Atentemos bem para os que servem na Legião Romana, debaixo das
autoridades militares e notemos a sua disciplina, a sua prontidão, a sua
obediência na execução das ordens. Nem todos são prefeitos ou tribunos ou
centuriões ou chefes de cinqüenta homens ou de outro grau inferior de
autoridade. Mas cada homem, na sua escala, executa as ordens do Imperador e dos
seus Oficiais superiores. O grande não pode existir sem o pequeno, nem o
pequeno, sem o grande. Uma certa unidade orgânica liga todas as partes, de modo
que cada uma ajuda as demais e é ajudada por todas. Tomemos o exemplo do nosso
corpo. A cabeça não é nada sem os pés e os pés não são nada sem a cabeça. Mesmo
os mais pequenos órgãos do nosso corpo são necessários e de grande valor para o corpo inteiro. Com efeito, todas as
partes trabalham unidas, em mútua dependência, e aceitam uma obediência comum
para bem de todo o corpo” (S. Clemente, Papa e Mártir: Epístola aos Coríntios
(A.D. 96), cap. 36 e 37).
2.
O legionário deve ser “uma hóstia viva, santa, agradável a Deus... não conformado
com este século” (Rm
12, 1-2).
Deste
alicerce, brotarão, no legionário fiel, virtudes tanto mais elevadas, quanto mais
sublime é a sua causa, e, acima de tudo, uma nobre generosidade que será o eco
das palavras de Santa Teresa d’Ávila: “Receber tanto e dar tão pouco em troca!
Oh! É um martírio que me leva à morte”. Contemplando o Senhor Jesus crucificado
que ofereceu por ele o último suspiro e a última gota de sangue, o legionário
deverá esforçar-se por reproduzir no seu apostolado uma doação completa
semelhante.
“Diz-me,
meu povo: que mais devia eu ter feito pela minha vinha, além do que fiz?”
(Is 5, 4).
3.
O legionário não deve furtar-se ao “trabalho e à fadiga” (2Cor 11, 27).
Como
recentes acontecimentos comprovam, haverá sempre lugares na terra, em que o
zelo católico deve estar preparado para enfrentar a tortura ou a própria morte.
Assim muitos legionários passaram o limiar da glória de maneira triunfal. Mas,
em geral, a dedicação do legionário encontrará um campo de ação mais modesto,
embora lhe ofereça ampla oportunidade para um heroísmo pacífico, que não será
por isso, menos verdadeiro. O apostolado da Legião obrigará o contato com
muitos que, preferindo ficar longe de qualquer influência salutar, manifestarão
o seu desagrado ao receber a visita daqueles cuja única missão é espalhar o
bem. É claro que todos poderão ser conquistados, mas somente o serão, à custa
de um trabalho corajoso e paciente. Olhares
malévolos, injúrias e repulsas, caçoadas e críticas agressivas, o cansaço do corpo
e do espírito, ânsias torturantes provenientes de insucessos e de dolorosas ingratidões,
frio cortante, chuva que cega, lama e vermes, mau cheiro, ruas escuras, ambientes
asquerosos, renúncia voluntária a prazeres legítimos, aceitação do sofrimento, próprio
a todo o trabalho de apostolado, a angústia provocada em toda a alma delicada,
perante a falta de religião e a libertinagem, a dor de quem partilha
sinceramente o sofrimento do próximo – tudo isto não encerra encanto algum para
a natureza; mas, suportado com doçura e até com alegria, levado com
perseverança até o fim, aproximar-se-á, na balança divina, daquele amor, o
maior de todos, que consiste em dar a vida pelo amigo.
“Que
darei eu ao Senhor por todos os benefícios com que Ele me cumulou?” (Sl 116,
12).
4. O legionário deve
“andar no amor, como também Cristo nos amou e se entregou a Si mesmo por nós” (Ef 5, 2).
O
segredo do bom êxito junto do próximo está em estabelecer com ele um contato pessoal,
contato de amor e de simpatia. Este amor deve ser mais do que aparência. Tem se
de ser capaz de resistir às provas da verdadeira amizade, o que obrigará
freqüentemente, a certo número de sacrifícios. Cumprimentar, em meios de certa
distinção, alguém que pouco antes visitamos na cadeia; acompanhar publicamente
pessoas andrajosas, apertar efusivamente mãos pouco limpas; compartilhar de uma
refeição oferecida numa casa pobre ou suja: eis o que pode ser custoso para
muitos. Mas, se assim não procedermos, a nossa amizade passará por simulação:
perde-se o contato e a alma que estava a ser elevada afunda-se de novo na
desilusão. Na
raiz de todo o trabalho verdadeiramente fecundo deve estar o firme propósito de
uma doação total de nós próprios. Sem esta disposição, o apostolado não tem
base. O legionário que delimita o seu zelo declarando: “Sacrificar-me-ei até
aqui, mas não mais”, embora gaste grandes energias, realizará apenas um
trabalho insignificante. Pelo contrário, se esta boa vontade existe, ainda que
nunca ou só em pequena escala, seja chamada a atuar, não deixará de ser
poderosamente produtiva em grandes obras.
“Jesus
respondeu-lhe: darás a tua vida por Mim? (Jo 13, 38).
5.
O legionário deve “acabar a sua carreira” (2Tm 4, 7).
Assim,
o serviço a que a Legião chama os seus soldados, não tem limites nem restrições.
Não se trata de um simples conselho de perfeição, mas de uma necessidade, porque,
se não visamos a um tal objetivo, a perseverança no organismo é impossível. Manter-se
durante uma vida inteira, no trabalho de apostolado, constitui por si mesmo,
heroísmo que só será atingido por uma série contínua de atos heróicos que
encontram a sua recompensa, na própria perseverança. Mas
a perseverança não é uma característica própria só do indivíduo. Todo e cada um
dos múltiplos deveres da Legião deve levar o cunho de um esforço constante. Mudanças
acontecerão necessariamente: pessoas e lugares diferente que se visitam, trabalhos
que terminaram, substituídos por novos empreendimentos. Tudo isto, porém, é o resultado
da variação constante da vida e não o fruto de inconstância caprichosa e de uma
curiosidade sedenta de novidade, que acaba por arruinar a melhor disciplina.
Receosa deste espírito de instabilidade, a Legião apela incessantemente para um
espírito cada vez mais firme dos seus membros, mandando-os depois de cada reunião
para as suas tarefas, levando consigo uma senha imutável: “Firme!”
A
execução perfeita depende de um esforço contínuo que, por sua vez, é o
resultado de uma vontade indomável de vencer. Para obter esta firmeza da
vontade é essencial nunca ceder, nem pouco, nem muito. Por isso a Legião impõe
a todos os seus ramos e a todos os seus membros, uma atitude firme que não
combine com a aceitação de qualquer derrota ou com a tendência que leve a
qualificar este ou aquele pormenor do trabalho legionário com os termos de
“prometedor”, “pouco prometedor”, “desesperador”, etc. A facilidade de classificar
de “desesperador”, este ou aquele caso, acaba permitindo que uma alma de preço infinito
continue livre e desenfreadamente a sua corrida descuidada para o inferno. Além
disso, esse comportamento mostra que existe um desejo irresponsável de mudanças
e de progresso visível, que tende a substituir o motivo mais sublime do
apostolado, por outro menos elevado. E então a não ser que a semente brote
debaixo dos pés do semeador, surge o desânimo e cedo ou tarde o trabalho é
abandonado.
Mais
ainda: a Legião declara com insistência que o ato de classificar qualquer caso de
desesperado enfraquece
automaticamente a atitude a assumir perante outros casos. Consciente ou inconscientemente,
iniciar-se-á qualquer trabalho com espírito de dúvida, perguntando-nos se vale
ou não o esforço a ser empregado. A menor sombra de dúvida paralisa a ação. E o
pior é que a fé deixará de atuar com a intensidade que se espera dela nos
empreendimentos da Legião, pois apenas se lhe permite modesta interferência,
quando alguma coisa parece razoável. Então a fé, bloqueada dessa maneira e
barrada as suas resoluções, aparecerão imediatamente a timidez natural, a
mesquinhez, a prudência do mundo, até ali abafadas, e a Legião vai se encontrar
diante de um serviço feito por acaso ou indiferente, que constitui oferta
vergonhosa, indigna do Céu.
Eis
porque a Legião não se interessa senão secundariamente pelo programa de trabalho;
ela se preocupa em primeiro lugar, com a intensidade do ardor colocado na sua realização.
Não exige dos seus membros, riqueza ou influência, mas uma fé firme, não exige
grandes feitos, mas, unicamente um esforço que não esmoreça; não exige talento,
mas um amor que nunca se satisfaça; não exige uma força gigantesca, mas uma
disciplina contínua. O trabalho do legionário deve ser inflexível e firme,
recusando-se sempre a admitir qualquer desânimo. No momento da crise, deve ser
uma rocha e em todos os momentos, constante. Deve esperar o bom êxito de
maneira humilde, mas nunca ser seu escravo. Na luta contra os insucessos, deve
ser um corajoso combatente, jamais desanimando, colocando-se sempre acima das
dificuldades e monotonias, porque elas lhe oferecem ocasião de provar a sua
energia e a sua fé. Pronto e resoluto, se o chamam; sempre alerta, quando na
reserva; e mesmo sem combate, sem inimigo à vista, sempre de sentinela, pela
causa de Deus. Com o coração cheio de ambições insaciáveis, mas contente com a
função humilde de tapar uma brecha; nenhum trabalho excessivo; nenhuma tarefa desprezível
demais; em tudo, a mesma cuidadosa atenção, a mesma paciência inesgotável, a mesma
coragem férrea; em cada tarefa a marca profunda da mesma firmeza inalterável. Sempre
a serviço do próximo, sempre à disposição dos fracos para os ajudar a
atravessar as horas difíceis de desânimo, sempre de guarda, à espera do momento
em que surpreenda naquele que até então teimava no erro, um sinal de
sensibilidade; e sempre incansável à procura dos transviados. Esquecido de si
mesmo: permanecendo junto da cruz de seus irmãos e não abandonando o seu posto,
senão quando tudo estiver consumado. Nunca
o desânimo deve penetrar nas fileiras de uma associação consagrada à “Virgem
Fiel” e que – para honra ou desonra – usa o seu nome.
PRINCIPAIS DEVERES DOS LEGIONÁRIOS
1. Participação regular e pontual
na reunião semanal do Praesidium
(Ver
capítulo 11, Plano da Legião)
a) Fácil nos dias
serenos e de boa disposição, este dever torna-se difícil nas ocasiões de mau
tempo ou de grande cansaço e, em geral, quando somos tentados a ir a qualquer outra
parte. É então que cada um se revela. As dificuldades são uma prova e o mérito
real consiste em vencê-las.
b) É mais fácil
compreender o valor do trabalho do que o da reunião, em que dele devemos dar
conta; e, todavia, a participação na reunião é o dever principal. Ela é para o trabalho
o que a raiz é para a flor: a condição indispensável da vida.
c) A fidelidade em
participar das reuniões, apesar do longo trajeto de ida e volta, é prova de
profundo espírito sobrenatural. Naturalmente, seríamos levados a julgar que o valor
da reunião não compensa o tempo perdido em percorrer o caminho! Mas não é tempo
perdido! Faz parte – e de elevado merecimento – do nosso trabalho total. Quem
ousaria afirmar que o tempo gasto por Maria, na viagem para visitar Sua prima
Isabel, foi tempo perdido?
“A
muitas outras virtudes, Santa Teresa de Lisieux acrescentava uma indomável coragem.
Tinha como princípio que ‘devemos ir até ao extremo das nossas forças antes de nos
queixarmos’. Quantas vezes assistia a Matinas com vertigens e fortes dores de
cabeça! ‘Ainda posso andar’, costumava dizer, ‘devo por isso cumprir o meu
dever’. Era esta extraordinária energia que a levava a praticar atos heróicos.”
(Santa Teresa do Menino Jesus).
2. Cumprimento da obrigação do trabalho semanal
a) Este trabalho
deve ser substancial, isto é, de modo a ocupar o legionário duas horas por
semana. Não nos deixemos, porém, limitar, no apostolado, por cálculos matemáticos.
Grande parte dos legionários vai muito além do tempo mínimo, dando ao seu trabalho
vários dias por semana, e alguns até todos os dias. O trabalho legionário deve consistir
num serviço ativo, concreto, designado pelo Praesidium, e não numa tarefa
ditada pelo capricho individual. As orações ou outros exercícios de piedade,
por mais valiosos que sejam, não satisfazem, nem mesmo parcialmente, a
obrigação do trabalho ativo.
b) O trabalho
semanal é também uma forma de oração, cujas regras temos de seguir. Sem uma
forte proteção sobrenatural, o trabalho não se mantém por muito tempo: ou é
fácil e torna-se rotineiro e cansativo; ou interessante e esbarra talvez com
resistência e obstáculos aparentes. Em ambos os casos, as considerações humanas
nos levam, em breve, à desistência. Como será diferente, porém, se o legionário
for acostumado a penetrar na neblina dos sentimentos naturais que escondem o
verdadeiro alcance do trabalho, e a ver este na sua perspectiva sobrenatural.
Quanto mais sofrimento houver numa obra, mais devemos estimá-la.
c) O legionário é
um soldado. Não cumprirá, pois, os seus deveres menos corajosamente que os
soldados da terra. Tudo o que é nobre, sacrificado, cavalheiresco e enérgico no
caráter do soldado há de encontrar-se, no mais alto grau, no verdadeiro legionário
de Maria e, conseqüentemente, refletir-se no seu trabalho.
Para
o militar, o dever não é sempre o mesmo: ora tem de enfrentar a morte no campo
de batalha, ora de fazer a ronda monótona de sentinela, ora de limpar os
pavimentos do quartel. O dever como tal, eis o que importa. O bom soldado
considera o dever em si e não o seu objeto: em todas as circunstâncias, na derrota
como na vitória, revela a mesma inviolável fidelidade. Pois bem: a maneira como
o legionário encara o dever não há de ser menos séria, nem menos rigorosa a sua
aplicação aos pormenores do trabalho, aos mais insignificantes como aos mais
difíceis.
d) O legionário
deve trabalhar em união íntima com Maria. Um dos fins essenciais do seu
apostolado, não o esqueça, é tornar Maria tão conhecida e amada daqueles de
quem se aproxima, que os leve a servi-la com generosidade. Conhecê-la e amá-la
são condições indispensáveis da saúde e progresso sobrenatural de cada um. “Ela
toma parte nos Divinos Mistérios e pode chamar-se, com razão, a sua guardiã. Em
Maria, como no mais nobre fundamento depois de Jesus Cristo, assenta a fé de
todas as gerações” (AD). Convidamos todos os legionários a meditar estas
sugestivas palavras do Papa Pio X: “Enquanto a devoção à augusta Mãe de Deus
não lançar profundas raízes nas almas – e só então – nunca estas hão de
produzir frutos de virtude e de santidade compensadores dos trabalhos e canseiras
do apostolado”.
“Lembrai-vos
de que estais combatendo, como Nosso Senhor no Calvário, com a certeza da
vitória. Não receeis utilizar as armas que Ele afiou, nem partilhar das Suas chagas.
Que importa que a vitória seja ganha nesta geração ou na futura? Segui a tradição
de um labor constante e paciente e deixai o resto ao Senhor porque não nos pertence
conhecer nem o dia nem a hora que o Pai, em Seus altos desígnios, determinou. Coragem!
Levai o fardo da vossa responsabilidade de cavaleiros com a inflexível intrepidez
das grandes almas que vos precederam.” (T. Gavan Duffy: O Preço do Dia que Desponta).
3. Relatar verbalmente na reunião o trabalho da
semana
Importantíssima
é esta obrigação, que constitui um dos exercícios que mais concorrem para
manter o interesse pelo trabalho legionário. Por este motivo e também para informar
os assistentes se exige o relatório. O cuidado com que o legionário o prepara e
o modo como o apresenta são prova da sua capacidade. Cada relatório é uma pedra
para o edifício que é a reunião: a integridade desta depende da perfeição dos
relatórios. Todo relatório defeituoso é um atentado contra a reunião, fonte da
vida legionária. Parte
importante da formação dos membros consiste na aprendizagem dos métodos de
trabalho dos outros, como se mostram pelos seus relatórios, e em ouvir os
comentários que o seu próprio relatório provoca por parte dos legionários mais
experientes. É, pois, evidente que o relatório demasiado breve não aproveita
nem a quem o apresenta nem a quem o escuta. Para
mais pormenores sobre o relatório e a maneira de o apresentar, veja-se o nº 9 do
capítulo 18, “Ordem a observar na Reunião
do Praesidium”.
“Recordai
com que insistência São Paulo exorta os cristãos a socorrer e lembrar em suas
orações ‘todos os homens, porque Deus quer que todos se salvem... pois Jesus Cristo
se entregou a si mesmo para redenção de todos’ (1Tm 2, 6). O princípio da universalidade
deste dever e do seu objeto aparece também nestas sublimes palavras de São João
Crisóstomo: ‘Cristãos, vós haveis de dar contas não só de vós mesmos, mas do mundo
inteiro.’” (Gratry: As fontes)
4. Segredo inviolável
Os
legionários devem guardar segredo inviolável de tudo o que ouvem na reunião ou
vêm a conhecer por ocasião do seu trabalho. É como legionários que eles
adquirem tais conhecimentos; a sua divulgação constituiria traição intolerável
para com a Legião. É evidente que temos de apresentar o nosso relatório ao
Praesidium, mas mesmo então, devemos ser prudentes. Trata-se deste assunto
amplamente no nº 20 do capítulo 19, “A reunião
e o membro”.
“Guarda
o depósito que te foi confiado.” (1Tm 6, 20)
5. Caderno de anotações
Cada
membro deve ter um caderno em que anotará os dados referentes aos diversos casos.
Esta maneira de proceder tem as suas razões: a) temos obrigação de fazer o
trabalho com o método e a seriedade com que tratamos de um negócio; b) não
perderemos de vista os casos já resolvidos, ou ainda a resolver; c) teremos
assim elementos necessários para um bom relatório; d) estamos nos treinando em
hábitos de ordem; e) como prova concreta do trabalho já realizado, o nosso
caderno de anotações será uma poderosa arma nos momentos inevitáveis de
desânimo, quando a sombra de uma dificuldade presente tenta apagar as realizações
passadas. Estas
notas devem ser confidenciais, escritas numa espécie de código, se preciso for,
para esconder, de pessoas estranhas, informações delicadas. Nunca devemos fazer
anotações diante dos interessados.
“Faça-se
tudo convenientemente e com ordem.” (1Cor 14, 40)
6. Reza Diária da Catena Legionis
Todo
legionário deve rezar diariamente a Catena Legionis (Corrente da Legião), composta
principalmente do Magnificat, a oração própria de Maria, o hino vespertino da Igreja,
“o mais humilde e agradecido, o mais sublime e excelso de todos os cânticos”
(S. Luís Montfort). Como
o nome o indica, a Catena é o vínculo que une a Legião à vida diária de todos os
seus membros (Ativos e Auxiliares), o laço que os liga a todos entre si e à sua
bendita Mãe. O nome sugere também a obrigação de rezá-la todos os dias. Que o
conceito de corrente, formada por elos – cada um dos quais é necessário à perfeição
do todo – sirva de advertência contra o descuido, que pode levar o legionário a
ser um elo partido na cadeia da oração diária da Legião. Os
legionários, a quem as circunstâncias forçaram a abandonar as fileiras ativas
da Legião, e mesmo aqueles que a deixaram por razões menos aceitáveis, deveriam
continuar esta belíssima prática e manter assim intacto, durante toda a vida,
ao menos este vínculo com a Legião.
“Quando
eu quiser conversar familiarmente com Jesus, hei de fazê-lo de cada vez, em
nome de Maria e, até certo ponto, em sua pessoa. Por mim, ela deseja reviver as
horas de doce intimidade e inefável ternura, que passou em Nazaré com seu amado
Filho. Com a minha ajuda se alegrará novamente em conversar com ele; graças a
mim, há de abraça-Lo e estreitá-Lo contra o seu coração como outrora em
Nazaré.” (De Jaegher: A Virtude da Confiança).
7. As relações entre os membros
Embora
os legionários estejam dispostos a cumprir, em geral, o dever da caridade fraterna,
esquecem-se, às vezes, de que tal dever requer uma atitude bondosa e indulgente
com os aparentes defeitos dos colegas. Qualquer falta, neste ponto, privará o
Praesidium de inúmeras graças e pode levar muitos à resolução desastrosa de
abandonar a Legião. Por
outro lado, todos devem ter juízo suficiente para compreender que a sua fidelidade
à Legião não pode depender do fato de este Presidente ser simpático ou aquele colega
tratável; nem tampouco tem nada a ver com desfeitas reais ou imaginárias, com qualquer
falta de consideração, com esta discordância ou aquela censura ou outros incidentes
semelhantes. A
renúncia a si próprio é o fundamento de todo o trabalho em comum. Sem ela, os melhores
operários tornam-se uma ameaça constante para a organização. Os melhores servidores
da Legião são aqueles que, deixando de lado, um pouco, seu próprio “eu”, se adaptam
completa e harmoniosamente aos métodos e princípios legionários. Ao contrário, aquele
que diz ou faz qualquer coisa contrária à doçura que deve caracterizar a Legião
abre uma artéria no organismo – ato cujas conseqüências podem ser fatais.
Cuidem, pois, de construir e não destruir, de unir e não de dividir.
Ao
tratar das relações de legionário para legionário, é necessário sublinhar de
modo particular o que leviana e impropriamente se chama de “pequenas invejas”.
A inveja raramente é pequena. É amargor de coração que envenena todas as
relações humanas. Nas pessoas más, é uma força feroz e louca, capaz dos
atentados mais horríveis. Nas pessoas generosas e nos corações puros, explora a
sua natureza sensível e carinhosa. Como é duro ver-se substituído por outro,
ultrapassado em virtude ou em êxito, posto de lado, para dar lugar aos mais
novos! Como é amargo contemplar o eclipse de si próprio! Até mesmo os santos
sentiram este tormento secreto, e conheceram deste modo a sua estupenda
fraqueza! Na realidade, essa amargura não é senão ódio adormecido, prestes a
romper em labareda destruidora.
O
esquecimento pode trazer-nos algum alívio. Mas o legionário deve procurar um fim
mais elevado que esta paz; só deve contentar-se com a vitória completa, o
triunfo – tão cheio de mérito – sobre a natureza revoltada, a transformação
total da inveja, que é semi-ódio, em amor cristão. Como realizar, porém,
semelhante milagre? Cumprindo plenamente os deveres legionários para com os
companheiros e para com aqueles que o rodeiam, vendo e reverenciando em todos a
Jesus Cristo, seu Senhor, como lhe foi ensinado. Cada manifestação da inveja
deve vir de encontro a esta reflexão: “A pessoa, cuja exaltação tanto me
amargura, não é outra senão o Senhor. Os meus sentimentos, por isso, devem ser
os de João Batista: muito me alegro em ver Jesus exaltado à minha custa: é
preciso que Ele cresça e eu diminua”.
Esta
atitude exige uma santidade heróica. É a matéria prima de um glorioso destino. E
que honrosa oportunidade para que Maria liberte de toda mancha de vaidade o
coração do legionário, através do qual a luz há de resplandecer para outros
homens (Jo 1, 7), e formar assim o embaixador desinteressado que prepare o
caminho adiante do Senhor (Mc 1, 2). Um
precursor deve sempre desejar ver-se posto na sombra por aquele a quem anuncia.
O verdadeiro apóstolo se alegrará com o progresso dos outros, nunca
interpretando o crescimento deles como diminuição de si próprio. Não merece o
nome de apóstolo aquele que só quer o progresso dos outros quando isso não lhe
faz sombra. Tal inveja mostraria que preferimos a tudo a satisfação do nosso
“eu”, ou seja, do nosso egoísmo. No verdadeiro apóstolo, o “eu” é relegado
sempre para o último lugar. Mais: o verdadeiro apostolado não combina com o
espírito de ciúme.
“Com
as primeiras palavras de respeito e carimbo, Maria transmite o primeiro impulso
santificante, que vai purificar essas duas almas, regenerando João Batista e enobrecendo
ao mesmo tempo a Isabel, sua mãe. Ora, se as suas primeiras palavras operaram
tais maravilhas, que devemos pensar dos dias, semanas e meses que se seguiram?
Maria dá sempre... E Isabel recebe – por que não o dizer? – recebe sem inveja! Isabel,
a quem Deus concedeu também milagrosamente a graça da maternidade, inclina-se diante
da sua jovem prima, sem a mínima amargura secreta, por não ser ela a eleita do Senhor.
Isabel não tinha inveja de Maria e também Maria mais tarde não terá inveja do amor
que seu divino Filho há de consagrar aos apóstolos. Assim como S. João Batista
não invejará Jesus, porque os próprios discípulos o abandonaram para seguir o
Filho de Deus. Sem o mínimo vestígio de ciúme, vê-os afastarem-se de si,
comentando o caso apenas com estas palavras: ‘Aquele que veio do alto está
acima de todos... Importa que Ele cresça e que eu diminua’. (Jo 3, 30-31)
(Perroy: A Humilde Virgem Maria).
8. Relações entre os companheiros de visita
Os
legionários têm deveres especiais para com os companheiros de visita. “Enviou-os
dois a dois adiante d’Ele” (Lc 10, 1). O número “dois” tem aqui significação
mística: é o símbolo da caridade, de que dependem os bons frutos da ação.
“Dois” não quer dizer só duas pessoas que casualmente trabalham juntas, mas
união perfeita entre dois corações, como a de David e Jônatas, dos quais está
escrito que cada um amava o outro como a sua própria alma (1Sm 18, 1). Os
que se lançam ao trabalho de salvação do próximo com este espírito hão de ser verdadeiramente
abençoados; e quando “voltarem virão contentes, trazendo os seus feixes” (Sl
126, 6).
É
nos mínimos pormenores que se manifesta e progride a união entre os dois visitantes.
Promessas não cumpridas, faltas aos encontros marcados, faltas de pontualidade,
quebras de caridade por pensamentos ou palavras, pequenas indelicadezas, ares
de superioridade cavam entre os dois uma trincheira e tornam impossível a
união.
“Para
uma congregação religiosa, depois da sua disciplina, a mais preciosa garantia
de bênçãos e de fecundidade é a caridade fraterna, a união íntima de todos. Devemos
amar todos os nossos irmãos sem exceção, como filhos privilegiados e escolhidos
de Maria. O que fizermos a qualquer dentre eles, Maria considerá-lo-á como
feito a si mesma ou, antes, ao Seu Filho Jesus – visto todos os nossos irmãos
serem chamados por vocação a tornar-se, com Jesus e em Jesus, verdadeiros
filhos de Maria.” (Pequeno Tratado de Mariologia, por um
Marianista).
9. Expansão da Legião
O
recrutamento de novos membros faz parte das obrigações de todo legionário. “Amarás
o próximo como a ti mesmo”, diz Nosso Senhor. Ora, se a Legião é uma bênção para
todos aqueles que a ela pertencem, é dever dos seus membros procurar
partilhá-la com outros. Se alguém verifica que os irmãos se elevam pelo seu
trabalho, não deverá ele desejar estender este trabalho? Enfim, poderá o
legionário deixar de se esforçar por alistar novos membros, sabendo que a
Legião os faz progredir no amor e serviço de Maria, a maior bênção depois de
Jesus que pode entrar numa vida? Porque Deus fez dela – dependente e
inseparavelmente de Cristo – a raiz, o crescimento e a floração da vida sobrenatural. Existem
pessoas que nunca pensarão em entrar pela Estrada da Vida, se nós não nos aproximarmos
delas e insistirmos com elas. E, bem lá no fundo, é essa Estrada que procuram e
é essa Estrada que as levará a conquistar graças extraordinárias. E, através
delas, muitas outras pessoas também descobrirão o caminho.
“Diante
de todos os mortais se abre um caminho – e muitos caminhos – e um caminho. A
alma nobre envereda pelo caminho elevado; a alma mesquinha arrasta-se no caminho
baixo; e entre os dois, nos planaltos brumosos, as outras marcham ao acaso. Diante
de todos os homens se abre um caminho elevado e um caminho baixo e cada um decide
do caminho a seguir.” (John Oxenham).
10. Estudo do Manual
Todo
membro tem o rigoroso dever de estudar a fundo o Manual. É a exposição oficial
do que é a Legião. Contém, o mais resumidamente possível, aquilo que de mais importante
todo legionário bem informado deve saber a respeito dos princípios, leis, métodos
e espírito da organização. Os membros – particularmente os Oficiais – que não estudam
o Manual tornam-se absolutamente incapazes de pôr em prática, como deve ser, o sistema
da Legião. Por outro lado, um conhecimento cada vez mais íntimo traz consigo um
aumento de eficiência do trabalho. E – fenômeno estranho! – o interesse irá
crescendo de dia para dia, e a qualidade será proporcional à quantidade. “Extenso
demais!”, ouve-se não raras vezes; e – que despropósito! – estas palavras partem
às vezes de pessoas que consagram diariamente à leitura dos jornais o tempo suficiente
para ler a maior parte do Manual.
“Extenso
demais! Pormenorizado demais!” Ouviríamos nós esta queixa de um estudante de
Direito, de Medicina ou da Escola de Guerra, diante de um livro com o mesmo tamanho,
no qual ele pudesse encontrar todos os conhecimentos referentes à sua especialidade?
Ao contrário, haveria de decorar numa semana ou duas todas as idéias, mesmo
palavra por palavra, contidas nesse tratado. Na verdade “os filhos deste século
são mais hábeis no trato com os seus semelhantes do que os filhos da luz” (Lc
16, 8).
Fala-se
também que o “Manual está cheio de noções difíceis e de assuntos muito elevados,
e que isso dificulta a compreensão para os membros mais jovens e menos instruídos.
Por que não lhes apresentar um Manual simplificado?” Não deveria ser necessário
fazer notar que tal sugestão é contrária aos princípios básicos da educação, os
quais requerem que o estudante seja introduzido gradualmente em terreno
desconhecido. Se o aluno conhecesse perfeitamente de antemão o assunto a
tratar, não poderia haver ensino; este cessa onde acaba a novidade a propor ao
espírito. Por que deveria, pois, o legionário esperar compreender perfeitamente
o Manual, à primeira vista, quando ninguém espera de um escolar que entenda
logo o seu livro de álgebra ou de latim? É próprio da aula e da noção de ensino
tornar claro o que não era claro, introduzir o aluno no domínio do
conhecimento.
“Até
as palavras são difíceis”. No entanto, não haverá possibilidade de entendê-las?
O vocabulário do Manual não é tão elevado que não se possa compreender com
algumas perguntas a uma pessoa competente e um bom dicionário. De fato, é
exatamente o vocabulário dos jornais diários lidos por toda a gente. Quem
jamais ouviu alguém sugerir que estes jornais deveriam ser simplificados? O
brio e o catolicismo do legionário deveriam animá-lo a conseguir entender e
usar as palavras necessárias para explicar os princípios da sua fé e da Legião.
O
que acabamos de expor a respeito do vocabulário do Manual vale também a respeito
de suas idéias. Não são obscuras. “No ensino da Igreja não há um corpo
doutrinal acessível apenas a alguns” (Arcebispo McQuaid). Prova isso o fato de
legionários sem conta, pessoas comuns, do povo simples, terem entendido
completamente essa doutrina e terem feito dela o alimento e a substância de
suas vidas. Também não são desnecessárias. De fato, é impossível cumprir de
modo satisfatório o dever do apostolado sem a sua compreensão racional, pois se
trata dos princípios básicos, quer dizer, da verdadeira vida de apostolado. Sem
uma compreensão suficiente de tais princípios, o apostolado não tem sentido
autêntico, quer dizer, faltam-lhe as raízes sobrenaturais, e, de tal forma, que
não tem o direito de chamar-se cristão. A diferença entre o apostolado cristão
e a campanha indefinida de apenas “fazer o bem” é como a distância entre o céu
e a terra.
É
necessário compreender, portanto, as idéias apostólicas do Manual e o Praesidium
desempenha a função de mestre. Isso se consegue através da leitura espiritual e
da Alocução, dentro das reuniões; e, fora destas, pela leitura e estudo
metódicos, a que os legionários devem ser incessantemente animados. Mas os
conhecimentos têm de ultrapassar a esfera teórica. Cada parte do trabalho ativo
deve unir-se à doutrina apropriada e receber, deste modo, um significado
espiritual.
Perguntaram
um dia a Santo Tomás de Aquino como fazer para tornar-se douto. Replicou este:
“Lede um livro. Procurai compreender bem o que ledes ou ouvis e atingir a certeza
onde irrompe a dúvida”. Não tinha o grande mestre em vista nenhuma obra em
particular, mas qualquer livro digno de ser lido. As suas palavras podem servir
de incentivo a todos os legionários para um estudo exaustivo do Manual. Além
disso, o Manual oferece também um valioso conteúdo catequético. Apresenta de
uma forma simples e abreviada a religião católica, em conformidade com a
legislação do Concílio Vaticano II.
“Embora
São Boaventura considerasse a ciência como o resultado de uma iluminação
interior, não desconhecia, no entanto, o trabalho que o estudo exige. Por isso,
citando São Gregório, apresentava como exemplo de estudo o milagre das bodas de
Caná, na Galiléia. Jesus Cristo não criou o vinho do nada, mas ordenou aos
servos que enchessem as talhas de água. De igual modo, o Espírito Santo não
concede inteligência espiritual e ciência ao homem que não enche a sua talha,
isto é, a sua mente, com água, isto é, com os conhecimentos adquiridos pelo
estudo. Não há iluminação sem esforço. A compreensão das verdades eternas é a
recompensa do trabalho do estudo, de que ninguém pode estar dispensado.”
(Gemelli: A Mensagem Franciscana ao Mundo).
11. Estar sempre de serviço
Na
medida em que a prudência o aconselhe, o legionário deve procurar impregnar do
espírito da Legião todas as ocupações da vida diária e estar sempre alerta para
aproveitar as oportunidades e promover os objetivos gerais da Legião: destruir
o império do pecado, arrancá-lo e plantar nas suas ruínas o estandarte de
Cristo Rei. “Encontra-vos
um cavalheiro na rua e pede-vos um fósforo. Falai-lhe e dentro de dez minutos
perguntar-vos-á por Deus” (Duhamel). E por que não provocamos esse contato vivificante
pedindo-lhe nós o fósforo? Vezes sem conta, a ponto de ameaçar converter-se em
costume, entende-se e pratica-se o Cristianismo apenas em parte, isto é, como
uma religião individualista, destinada exclusivamente ao benefício de si mesma
e desinteressada por completo dos irmãos que nos rodeiam. É o “meio círculo do
Cristianismo”, tão reprovado por Pio XI. Evidentemente, o mandamento que nos
ordena amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente, e ao
próximo como a nós mesmos (Mt 22, 37-39) caiu em muitos ouvidos dispostos a não
o escutar.
Considerar
o ideal legionário como uma espécie de santidade destinada apenas a alguns
escolhidos seria uma prova concreta desta visão gravemente errada: o ideal legionário
é tão somente o ideal cristão elementar. Não é fácil compreender como é possível
alguém descer abaixo das suas exigências e ter, no entanto, a pretensão de amar
ativamente o próximo, como nos é imposto pelo grande Preceito. Este amor faz
parte integrante do verdadeiro amor de Deus e de tal forma que, sem ele, o
ideal cristão fica deformado. “Temos de salvar-nos todos juntos e juntos
devemos apresentar-nos diante de Deus. Que nos diria o Senhor se alguns de nós
se apresentassem diante d’Ele sem os outros?” (Péguy). Um
tal amor deve derramar-se nos corações dos nossos irmãos, sem distinção, individual
e conjuntamente, não sob a forma de mero sentimento, mas de dever, de serviço e
de dedicação. O legionário deve ser a corporização simpática deste Cristianismo
autêntico. Se a Verdadeira Luz que veio a este mundo não se erguer, à vista dos
homens, com raios numerosos e fulgurantes, quer dizer, através dos exemplos
práticos de uma vida realmente cristã, não só há o perigo, mas a certeza de não
se refletir no padrão comum da vida dos católicos. Estes se deixarão afundar
até o último escalão que os separa do inferno. A religião ficaria assim sem o
seu caráter nobre e desinteressado ou, por outros termos, seria o inverso
ridículo do que dela se espera, incapaz de atrair e defender quem quer que seja.
Serviço significa disciplina. Estar sempre de serviço significa manter uma disciplina constante. Por isso, a linguagem do legionário, o modo de se vestir, as maneiras, todo o seu porte, por mais simples, nunca devem trair a sua fé. Muitas pessoas procuram apanhar em falta aqueles que elas vêem trabalhar a favor da religião. Quedas, que em outros dificilmente atrairiam a atenção, serão julgadas vergonhosas no legionário e hão de inutilizar em grande parte os seus esforços de fazer o bem. Não há nada que estranhar: é razoável exigir de quem quer que anime os outros a um ideal superior um tipo de vida que sirva de exemplo.
Serviço significa disciplina. Estar sempre de serviço significa manter uma disciplina constante. Por isso, a linguagem do legionário, o modo de se vestir, as maneiras, todo o seu porte, por mais simples, nunca devem trair a sua fé. Muitas pessoas procuram apanhar em falta aqueles que elas vêem trabalhar a favor da religião. Quedas, que em outros dificilmente atrairiam a atenção, serão julgadas vergonhosas no legionário e hão de inutilizar em grande parte os seus esforços de fazer o bem. Não há nada que estranhar: é razoável exigir de quem quer que anime os outros a um ideal superior um tipo de vida que sirva de exemplo.
Mas
nisto, como em tudo, deve prevalecer o bom senso. Os bem intencionados não devem
deixar-se afastar do apostolado pela consciência das suas próprias
deficiências; seria acabar com todo o trabalho apostólico. Nem pensem que seja
hipocrisia aconselhar uma perfeição que eles mesmos não possuem. “Não, diz São
Francisco de Sales, não é ser hipócrita falar melhor do que agir. Se assim
fosse, Deus meu! Aonde isso nos levaria? Teríamos de ficar calados”.
“A
Legião quer simplesmente viver o catolicismo normal. Dizemos normal e não medíocre.
Hoje em dia pensamos comumente que católico normal é aquele que pratica a religião
em proveito próprio, sem interesse algum ativo pela salvação de seus irmãos.
Ora, semelhante indivíduo é a caricatura do católico fiel e do próprio
catolicismo. O católico medíocre não é o católico normal. Deveríamos sujeitar a
uma crítica cerrada, a um processo de revisão, a noção de “bom católico” ou de
“católico praticante”. Há um mínimo de trabalho apostólico, abaixo do qual
ninguém pode se dizer católico, e este mínimo indispensável por que seremos
julgados no juízo final não é atingido pela massa dos católicos ditos
praticantes. Nisto reside um drama e um equívoco fundamental.” (Cardeal
Suenens: Teologia do Apostolado).
12. O legionário deve unir a oração ao trabalho
Embora
o Membro Ativo tenha como única obrigação diária a reza da Catena Legionis,
aconselha-o vivamente a Legião a incluir no seu programa cotidiano todas as orações
da Tessera. Obrigatórias para o Auxiliar, seria reprovável que os Ativos contribuíssem
menos neste ponto para a causa comum do que os seus incontáveis cooperadores
espirituais. Os Auxiliares, é certo, não trabalham ativamente, mas também é indiscutível
que melhor serve a Rainha da Legião o Auxiliar que reza do que o legionário Ativo
que trabalha mas não reza. Este age contra as intenções da Legião que, no
ataque, reserva aos Ativos a função de pontas de lança e aos Auxiliares, apenas
a função de haste.
Mais:
o fervor e a perseverança dos Auxiliares dependerão, em grande parte, da convicção
de que, pela sua colaboração, completam um serviço sacrificado e heróico, muito
superior ao deles. Por mais este motivo, o Ativo deve ser para o Auxiliar um
exemplo e um estímulo. Mas como é pouco animador o exemplo do Ativo que nem
sequer cumpre o dever de piedade exigido do Auxiliar, deixando-nos na dúvida
sobre qual dos dois serve melhor a Legião! Todo
legionário Ativo ou Auxiliar deve alistar-se na Confraria do Santíssimo Rosário.
As vantagens são imensas. (Veja-se Apêndice 7.)
“Em
toda prece se invoca, ao menos implicitamente, o Santíssimo Nome de Jesus, embora
as palavras ‘por Jesus Cristo, Nosso Senhor’, não sejam ditas expressamente:
Jesus é o Mediador único, a quem todo pedido tem de ser apresentado. O mesmo
deve dizer-se, também, da Mãe de Deus: quer uma pessoa dirija a sua súplica
diretamente ao Pai, quer a confie a um anjo ou a um santo, sem recorrer ao nome
santíssimo de Maria, nem por isso este nome bendito deixa de ser implicitamente
invocado, em virtude da associação necessária com Jesus Cristo, único Mediador.
A invocação de Deus é invocação virtual de Maria; a invocação do Filho, como
Homem, é invocação da Mãe; a invocação dos santos é também invocação da
Senhora.” (Canice Bourke, O.F.M. Cap.: Maria).
13. A vida interior dos legionários
“Já
não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20). A vida interior orienta
os nossos pensamentos, desejos e afetos para o Senhor. O modelo desta vida é Nossa
Senhora. Maria progredia continuamente na santidade: o progresso espiritual é, acima
de tudo, avanço na caridade e no amor, e Maria cresceu na caridade a vida
inteira. “Todos
os cristãos, em qualquer estado ou modo de vida, são chamados à plenitude da
vida cristã e à perfeição do amor... Todos os cristãos são chamados e devem
tender, à santidade e perfeição do próprio estado” (LG 41, 42). A santidade
consegue-se pela prática da vida. “Toda a santidade consiste no amor a Deus e
todo o amor a Deus consiste em fazer a Sua vontade” (Santo Afonso M. de
Ligório).
“Para
poder descobrir a vontade concreta do Senhor sobre a nossa vida, são sempre indispensáveis
a escuta pronta e dócil da palavra de Deus e da Igreja, a oração filial e constante,
a relação com uma sábia e amorosa direção espiritual, a leitura, feita na fé,
dos dons e dos talentos recebidos, bem como das diversas situações sociais e
históricas em que nos encontramos” (ChL 58).
A
formação espiritual dos legionários a nível de Praesidium concorre poderosamente
para o desenvolvimento da própria santidade. Convém que nos lembremos, porém,
de que a orientação espiritual é coletiva. Uma vez que cada membro é um
indivíduo único com necessidades próprias, é desejável que a direção coletiva
seja completada por uma orientação individual, por “uma sábia e amorosa direção
espiritual” (Op. C). Para
a vida cristã há três exigências necessárias, ligadas entre si: a oração, o
espírito de sacrifício e os Sacramentos.
a)
A oração
Como
cada um de nós é, por natureza, indivíduo e ser social, a nossa oração deve abranger
necessariamente dois aspectos: tem de ser individual e social. O dever da
oração obriga-nos, antes de mais nada, como indivíduos; mas obriga também o
todo, em que os indivíduos se ligam entre si por vínculos sociais. A Liturgia –
como a Missa e o Ofício Divino – é o culto público da Igreja. O Vaticano II
comenta, no entanto: “O cristão, chamado a rezar em comum, deve entrar também
no seu quarto para rezar a sós ao Pai, e até, segundo ensina o Apóstolo, deve
rezar sem cessar” (SC 12). Os exercícios pessoais incluem: “A meditação, o
exame de consciência, os retiros espirituais, a visita ao Santíssimo Sacramento
e as orações particulares em honra de Nossa Senhora, entre as quais destaca-se
a do Rosário” (MD 186). “Nutrindo intensamente nos fiéis a vida espiritual, dispõem-nos
a tomar parte frutuosamente nas sagradas funções e evitam o perigo de que as preces
litúrgicas se reduzam a vão ritualismo” (MD 187).
A
leitura espiritual, em particular, concorre para desenvolver as convicções
cristãs e ajuda muito a vida de oração. Devemos preferir a leitura do Novo
Testamento, com um comentário católico conveniente (DV 12), e os clássicos
católicos, escolhidos de acordo com as nossas necessidades e capacidades. É
aqui que um “sábio” guia é especialmente importante. As Vidas dos Santos bem
escritas constituem uma boa introdução à vida espiritual. Fornecem orientações
que nos atraem para o bem e o heroísmo. Os Santos são a concretização visível
das doutrinas e exercícios da santidade. Se conhecermos suas vidas, imitaremos
em breve as suas virtudes. Dentro
do possível, todo legionário deve fazer um retiro fechado uma vez por ano. O
fruto dos retiros e recolhimentos é uma visão mais clara de nossa vocação
pessoal no mundo e uma decisão firme de viver essa vocação com fidelidade.
b)
Espírito de sacrifício
O
espírito de sacrifício de que falamos aqui tem como fim libertar-nos do
egoísmo, para que Cristo possa viver plenamente em nós. Podemos chamá-lo de
autodisciplina para amar a Deus de todo o coração e, aos outros, por amor a
Deus. A necessidade do sacrifício brota do pecado original, que turva a
inteligência, enfraquece a vontade e facilita as paixões para o mal. O
primeiro passo a dar é o cumprimento voluntário daquilo que a Igreja estabelece
nos dias e estações do ano consagrados à penitência e a forma como devemos
observá-la. O sistema da Legião, devidamente seguido, constitui um exercício
válido de sacrifício.
Vem
depois a amorosa aceitação, das mãos de Deus, das “cruzes, trabalhos e decepções
da vida”. Segue-se o domínio positivo dos sentidos, especialmente do olhar, ouvir
e falar. Estes exercícios ajudam a controlar a memória e a imaginação. O
sacrifício envolve também a vitória sobre a preguiça, o mau humor e as atitudes
egoístas. Leva-nos a um comportamento delicado e amável com aqueles que vivem
ou trabalham conosco. O apostolado pessoal – a amizade levada à sua conclusão
lógica – implica, por outro lado, o espírito de sacrifício, pois o apóstolo
assume o incômodo de ajudar os amigos a endireitar a vida, de uma forma bondosa
e delicada. “Fiz-me tudo para todos para salvar alguns a todo custo” (1Cor 9,
22), diz S. Paulo. Os esforços necessários para reprimir as tendências perigosas
e cultivar os bons hábitos servem também para reparar os pecados pessoais e os dos
outros membros do Corpo Místico. Se Cristo, a Cabeça, sofreu por causa dos
nossos pecados, é normal que sejamos solidários com Ele; se Cristo, inocente,
pagou por nós, culpados, devemos fazer alguma coisa com certeza. Toda prova
clara de pecado inspira o cristão generoso a fazer atos positivos de reparação.
c)
Sacramentos
A
união com Cristo tem a sua fonte no Batismo, o seu desenvolvimento posterior na
Confirmação, e a sua realização e poderoso alimento na Eucaristia. Como estes Sacramentos
são tratados em diversas partes do Manual, vamos tratar aqui do Sacramento em
que Cristo continua a exercer o seu misericordioso perdão através de alguém que
age em seu lugar – o sacerdote católico. Este Sacramento tem vários nomes:
Confissão, Penitência e Reconciliação. Confissão, porque é o franco
reconhecimento dos pecados cometidos; Penitência, porque envolve mudança de
vida; Reconciliação, porque mediante este Sacramento o penitente reconcilia-se
com Deus, com a Igreja e com todo o gênero humano. Está intimamente ligado à
Eucaristia, porque o perdão de Cristo nos chega pelos méritos da Sua morte –
morte que celebramos na Eucaristia.
Aproveite
cada legionário o convite de Cristo para se encontrar com Ele pessoalmente no
Sacramento da Reconciliação, de forma freqüente e regular, “Sacramento que
aumenta o conhecimento próprio, desenvolve a humildade cristã, arranca pelas
raízes os maus costumes, combate o descuido e a fraqueza espiritual, purifica a
consciência, fortifica a vontade, presta-se à direção espiritual e aumenta a
graça” (MC 87). Depois de experimentar os benefícios do Sacramento da Reconciliação,
os legionários se sentirão estimulados a partilhá-los com as outras pessoas, convidando-as
para a Confissão. Resumindo:
a salvação do gênero humano e a sua santificação, assim como a transformação do
mundo, resultam da vida de Cristo nos corações e na vida das pessoas. Nisto
reside, por excelência, o problema vital.
“A
espiritualidade mariana, assim como a devoção correspondente, tem riquíssima fonte
na experiência histórica das pessoas e das diversas comunidades cristãs que, no
seio de vários povos e nações, vivem sobre a face da terra. A este propósito,
gratifica-me recordar, dentre as muitas testemunhas e mestres de tal
espiritualidade, a figura de S. Luís Maria Grignion de Montfort que propõe aos
cristãos a consagração a Cristo pelas mãos de Maria, como meio eficaz para
viverem fielmente os compromissos batismais” (RMat 48). “Existe
uma ligação orgânica entre a nossa vida espiritual e os dogmas. Os dogmas são
luzes no caminho da nossa fé: iluminam-no e tornam-no seguro. Por outro lado,
se a vida é reta, a nossa inteligência e coração estarão abertos para acolher a
luz dos dogmas da fé” (CIC 89).
14. O legionário e a vocação cristã
Mais
do que a execução de um trabalho apostólico, a Legião propõe uma forma de viver
a vida cristã. A formação legionária destina-se a influenciar todos os aspectos
e horas da vida. Quem é legionário só durante a reunião e a distribuição do
trabalho semanal não vive o espírito da Legião.
A
Legião tem como objetivo ajudar os seus membros e aqueles com quem eles estão em
contato a viver a vocação cristã de forma perfeita. Esta vocação tem a sua
fonte no Batismo. Pelo Batismo, tornamo-nos um com Cristo. “Tornamo-nos não só
outros Cristos, mas o próprio Cristo” (Santo Agostinho). Incorporados
em Cristo pelo Batismo, cada membro da Sua Igreja participa do Seu sacerdócio,
profetismo e realeza.
Participamos
da missão sacerdotal de Cristo pelo culto particular e público. A forma
mais elevada de culto é o sacrifício. Pelo sacrifício espiritual, oferecemo-nos
e oferecemos todas as nossas atividades a Deus, nosso Pai. Falando dos fiéis
leigos, diz o Concílio Vaticano II: “Todos os seus trabalhos, orações e
empreendimentos apostólicos, a vida conjugal e familiar, o trabalho de cada
dia, o descanso do espírito e do corpo, se forem feitos no Espírito, e as
próprias dificuldades da vida, suportados com paciência, se tornam outros
tantos sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo (1Pd 2, 5); sacrifícios
estes que são piedosamente oferecidos ao Pai, juntamente com o oferecimento do
Corpo do Senhor, na celebração da Eucaristia. Deste modo, os leigos, agindo em
toda a parte santamente, como adoradores, consagram a Deus o próprio mundo.”
(LG 34). Participamos
também da missão profética (ensinar) de Cristo, que proclamou o reino de
Seu Pai, pelo testemunho da vida e pela força da palavra (LG 35). Como fiéis leigos,
recebemos a capacidade e a responsabilidade de aceitar o Evangelho com fé e proclamá-lo
por palavras e ações. O maior serviço que podemos prestar às pessoas é apresentar-lhes
as verdades da fé – dizer-lhes, por exemplo, quem é Deus, quem é o homem, qual
a finalidade da vida e o que se segue à morte. Acima de tudo, falar-lhes de Cristo,
Nosso Senhor, que contém em si toda a verdade. Não é necessário saber
argumentar, apresentar provas do que dizemos; basta conhecer e viver estas
verdades e ter consciência da diferença que representam; falar delas de forma
inteligente, comunicar suficientemente o seu sentido, de modo a despertar o
interesse e levar as pessoas a procurarem, talvez, uma informação mais
completa.
Pertencer
à Legião ajuda a melhor conhecer e viver a fé. Ajuda também, com forte motivação
e experiência, a falar da religião a estranhos. Mas aqueles que têm mais
direito à nossa caridade apostólica são os que encontramos habitualmente em
casa, na escola, no trato dos negócios, no exercício da profissão, nas
atividades sociais e nas horas livres. Normalmente, não fazem parte do trabalho
legionário que nos é atribuído, mas, apesar disso, as pessoas com que nos
relacionamos nos foram confiadas por Deus.
Participamos
também da missão real de Cristo vencendo o pecado em nós mesmos e
servindo os companheiros de jornada, pois reinar é servir. Cristo disse que
tinha vindo para servir e não para ser servido (Mt 20, 28). Participamos desta
missão de Cristo sobretudo fazendo bem o trabalho, qualquer que ele seja, em
casa ou fora, por amor a Deus e como serviço prestado aos outros irmãos. Com o
nosso trabalho bem feito, ajudamos a construir um mundo melhor, um lugar mais
agradável para nele viver. Fazer com que o espírito do Evangelho penetre e aperfeiçoe
a ordem temporal – os trabalhos terrenos – é tarefa privilegiada dos cristãos.
No
Compromisso Legionário pedimos a graça de ser instrumento dos soberanos desígnios
do Espírito Santo. É certo que as nossas ações devem ser sobrenaturalmente motivadas,
mas a nossa natureza humana deve oferecer ao Espírito Santo um instrumento perfeito,
tanto quanto possível. Cristo
é uma Pessoa Divina, mas a natureza humana de que era dotado cumpria a parte
respectiva nas suas ações: a sua inteligência humana, a sua voz, o seu olhar, o
seu comportamento. As pessoas, mesmo as crianças, que percebem as coisas melhor
que todos, gostavam da sua companhia. Era um hóspede bem-vindo a todas as
mesas. S.
Francisco de Sales era alguém que tinha uma postura e um jeito de tratar as pessoas
que o ajudavam a guiá-las no caminho da conversão. Recomenda ele, a quem quiser
praticar a caridade, o dever de cultivar o que chama “as pequenas virtudes”: a benevolência,
a cortesia, as boas maneiras, a delicadeza, a paciência e compreensão, especialmente
com as pessoas difíceis.
“A identidade de
sangue implica, entre Jesus e Maria, uma semelhança de formação, de feições, de
tendências, de gostos e de virtudes; não só porque a identidade de sangue
causa, com freqüência, tal semelhança, mas porque, no caso de Maria, – em virtude
de a sua maternidade ser um fato inteiramente de ordem sobrenatural, efeito
duma graça transbordante – esta graça se apoderou do princípio mais ou menos
comum da natureza e o desenvolveu a ponto de a tornar uma imagem viva, um
retrato perfeitíssimo, sob todos os aspectos, do Seu Divino Filho; de sorte
que, em Maria, se contemplava a mais delicada imagem de Jesus Cristo. Esta
mesma relação de maternidade estabeleceu, entre Maria e seu Filho, uma
intimidade não só de trato mútuo e comunhão vital, mas também de intercâmbio de
corações e segredos; e de tal modo que ela era o espelho refletor de todos os
pensamentos, sentimentos, anelos, desejos e propósitos de Jesus, assim como Ele
refletia, por Seu turno, de forma esplêndida, em espelho imaculado, o prodígio
de pureza, de amor, de dedicação, de imensa caridade, que era a alma de Maria.
A Virgem podia, por conseguinte, com mais razão do que o Apóstolo das Gentes,
exclamar: ‘Eu vivo, mas não sou eu quem vive: é Jesus que vive em mim.’” (De
Concílio: O Conhecimento de Maria).
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