terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Visita ao Praesidium Nossa Sra Consoladora dos Aflitos

Visita feita no dia 26/02/2013 às 15:00h, pelo Comitium através do irmão Fábio e irmã Lenir ao praesidium Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos do bairro Argentina. Encontramos legionários unidos pela fé e dispostos a trabalhar pelo reino de Deus.






quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Semana Santa



O Sentido da Quaresma: Convite à oração e reflexão.


     Uma das práticas que a Igreja nos incentiva a realizar na Quaresma é a oração e a reflexão. Depois da Quarta-feira de Cinzas seguimos por quarenta dias onde vamos ao encontro com o Senhor. Neste período de 40 dias, a Igreja se une ao mistério de Jesus no deserto. Em artigo publicado no site da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Eurico dos Santos Veloso, Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG) deixa bem claro que a quaresma, desde o início do cristianismo, é um tempo especial de orientação à todos os católicos para preparar a Páscoa numa vida sóbria, com orações mais intensas e com gestos de penitência e caridade. Mais do que simples preparação para a Páscoa, a Quaresma é tempo de grande convocação para que toda a Igreja se deixe purificar do velho fermento para ser uma massa nova, levedada pela verdade”, disse Dom Eurico. Dom Eurico disse ainda que é um tempo favorável de nos convertermos ao projeto de Deus, ouvindo e acolhendo sua Palavra sempre viva e eficaz, que nos faz retomar a opção fundamental de nossa fé feita no Batismo. A Quaresma nos chama à reconciliação, à mudança de vida, a assumir a busca da humanidade inteira por libertação, justiça, dignidade, reconciliação e paz”, afirmou. Ele lembra ainda que a Quaresma coloca a Igreja bem solidária à paixão de Cristo e solidária também à paixão da humanidade, que sofre sem rumo, uns oprimindo, outros sendo oprimidos. Assim como carregamos as culpas uns dos outros, carregamos também o sofrimento nosso e alheio, pois somos um só corpo e, como no corpo humano, o que afeta um membro, afeta todo o corpo”. Dom Eurico termina suas palavras dizendo que a Quaresma tem o sentido maior de fazer-nos redimir as nossas faltas e também as faltas de toda a humanidade. É o sentido da solidariedade e, através dela, a preparação dos caminhos de um mundo melhor, mais fraterno, em direção à Ressurreição.

Por que fazemos penitência na quaresma?


     A Igreja vive agora uma caminhada para a conversão, para que os fiéis possam renunciar ao pecado. A Quaresma sempre trouxe oportunidades de graça: oração, penitência e jejum. A palavra penitência se refere especificamente aos gestos e atitudes exteriores que fazem com que haja uma aproximação da pessoa com Deus e com seu amor. Muitas vezes há uma confusão da penitência no sentido sacramental, que é a Penitência relacionada com o sacramento da Reconciliação, com fazer penitência quaresmal. No contexto da Quaresma, o Missionário Redentorista, padre Evaldo César de Souza, explica que Penitência é dedicar algum tempo para realizar um gesto de mortificação que faça perceber a finitude diante da grandeza absoluta de Deus. Os gestos e ritos penitenciais, nesse sentido, têm profundas raízes judaicas – e mesmo outros povos em outros contextos de religiosidade também praticavam gestos de penitência pessoal ou pública. No fundo, a raiz do ato penitencial humano é colocar-se humildemente diante de Deus, reconhecendo-o absoluto diante de nossa fraqueza. A ideia é sempre tornar-se menos indigno de estar na presença de Deus. Na Bíblia são muitas as passagens penitenciais e alguns gestos são significativos: rasgar as vestes, se cobrir de cinzas, fazer jejum”, detalha padre Evaldo. Outros gestos penitenciais comunitários envolviam sacrifícios de animais, sendo que o mais simbólico era o envio do chamado “bode expiatório” para o deserto, levando consigo os pecados de toda a comunidade. A Quaresma nos oferece um ‘tempo favorável’ para se deixar o pecado e voltar para Deus, e é por isso que fazemos penitência. Ele ainda explica que o objetivo não é nos fazer sofrer ou nos privar de algo que nos agrada, mas ser um meio de purificação de nossa alma: “Sabemos o que devemos fazer e como viver para agradar a Deus, mas somos fracos; a penitência é feita para nos dar forças espirituais na luta contra o pecado” Padre Evaldo disse que todo ato penitencial pretende ser um gesto de abertura ao Sagrado, ao amor de Deus que tudo transforma a partir da abertura do coração humano. Assim, uma verdadeira penitência só tem valor se for feita com o desejo íntimo de aproximar-se de Deus e de sua misericórdia redentora. Penitências que sejam apenas atos externos de sofrimento não alcançam esse objetivo. Por isso é que o profeta Oséias diz que Deus prefere a Misericórdia e não o sacrifício, aqui entendido somente como um gesto externo de oferecimento de algo ao Senhor”, mencionou. Não deixa de ser mais um ato de Penitência quaresmal o próprio ato sacramental do perdão. No Domingo da ressurreição Jesus disse (cf. Jo 20,22): “A quem vocês perdoarem os pecados, os pecados estarão perdoados”. Penitência é gesto de liberdade – Nenhuma Penitência é obrigatória, mas sempre é um gesto de liberdade. Para entender melhor essa afirmação, Pe. Evaldo exemplifica que assim como há remédios que nos auxiliam a melhorar rapidamente de uma gripe, na liberdade podemos escolher não tomar esse medicamento, retardando nossa melhora física, assim é a penitência: Com ela nossa vida se abre mais rapidamente à percepção do amor de Deus e do valor das coisas sagradas; sem ela teremos um caminho mais longo para compreender a grandeza de Deus”.

Quaresma no Ano da Fé


     Com a Quarta-feira de Cinzas, iniciamos a Quaresma e nossa preparação para a Páscoa. É tempo de ouvir e acolher com atenção renovada a Palavra de Deus, que nos chama ao encontro e à comunhão com o Deus misericordioso e salvador. É tempo de revisão, para avaliarmos como anda a nossa vida cristã e se cumprimos nossos compromissos batismais com Deus e com a Igreja, observando seus mandamentos. Na Quaresma deste Ano da Fé, faço um convite especial para nos confrontarmos com a fé que recebemos e professamos com a Igreja.
1.Temos uma fé firme? Procuremos o encontro pessoal com Deus, na leitura da Palavra de Deus, nos sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação? Peçamos a Deus, como os Apóstolos: “Senhor, aumenta a nossa fé!”. Dá-nos uma fé viva, que frutifique na esperança, na caridade e em toda obra boa!
2. Temos uma fé esclarecida, capaz de explicar a nós e aos outros o que cremos, enquanto católicos? Procuremos ler e estudar o Catecismo da Igreja Católica, que nos explica a fé da Igreja. A fé pouco esclarecida e que não tem raízes profundas e fortes, pode facilmente ser desviada ou perdida.
3. Abandonamos a fé, ou negamos alguma parte da fé da Igreja? Façamos penitência e peçamos o perdão de Deus. A infidelidade na fé é pecado contra Deus. É fechar as portas a Deus e afastar-se dele. Peçamos perdão a Deus pelos pecados contra a fé.
     Em todo o caso, procuremos e peçamos a fé, pois é ela que nos possibilita entrar em comunhão com Deus e receber dele a vida. Deus não deixa de dar a fé a quem a pede. Durante a Quaresma, preparemo-nos para fazer a renovação alegre e convicta de nossa fé, no Sábado Santo, durante a celebração da Vigília Pascal. Para a Quaresma, aconselho a ler novamente minha Carta Pastoral – Senhor, aumentai a nossa fé – escrita para toda a Arquidiocese de São Paulo em vista do Ano da Fé.      Boa Quaresma de 2013 a todos! Boa preparação para a Páscoa!

Mensagem de Bento XVI para a Quaresma 2013


     Queridos irmãos e irmãs!
     
    A celebração da Quaresma, no contexto do Ano da fé, proporciona-nos uma preciosa ocasião para meditar sobre a relação entre fé e caridade: entre o crer em Deus, no Deus de Jesus Cristo, e o amor, que é fruto da ação do Espírito Santo e nos guia por um caminho de dedicação a Deus e aos outros.
1. A fé como resposta ao amor de Deus
Na minha primeira Encíclica, deixei já alguns elementos que permitem individuar a estreita ligação entre estas duas virtudes teologais: a fé e a caridade. Partindo duma afirmação fundamental do apóstolo João: “Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele” (1 Jo 4, 16), recordava que, “no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. (…) Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um ‘mandamento’, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro” (Deus caritas est, 1). A fé constitui aquela adesão pessoal – que engloba todas as nossas faculdades – à revelação do amor gratuito e “apaixonado” que Deus tem por nós e que se manifesta plenamente em Jesus Cristo. O encontro com Deus Amor envolve não só o coração, mas também o intelecto: “O reconhecimento do Deus vivo é um caminho para o amor, e o sim da nossa vontade à d’Ele une intelecto, vontade e sentimento no ato globalizante do amor. Mas isto é um processo que permanece continuamente a caminho: o amor nunca está ‘concluído’ e completado” (ibid., 17). Daqui deriva, para todos os cristãos e em particular para os “agentes da caridade”, a necessidade da fé, daquele “encontro com Deus em Cristo que suscite neles o amor e abra o seu íntimo ao outro, de tal modo que, para eles, o amor do próximo já não seja um mandamento por assim dizer imposto de fora, mas uma consequência resultante da sua fé que se torna operativa pelo amor” (ibid., 31). O cristão é uma pessoa conquistada pelo amor de Cristo e, movido por este amor – “caritas Christi urget nos” (2 Cor 5, 14) – , está aberto de modo profundo e concreto ao amor do próximo (cf. ibid., 33). Esta atitude nasce, antes de tudo, da consciência de ser amados, perdoados e mesmo servidos pelo Senhor, que Se inclina para lavar os pés dos Apóstolos e Se oferece a Si mesmo na cruz para atrair a humanidade ao amor de Deus. “A fé mostra-nos o Deus que entregou o seu Filho por nós e assim gera em nós a certeza vitoriosa de que isto é mesmo verdade: Deus é amor! (…) A fé, que toma consciência do amor de Deus revelado no coração trespassado de Jesus na cruz, suscita por sua vez o amor. Aquele amor divino é a luz – fundamentalmente, a única – que ilumina incessantemente um mundo às escuras e nos dá a coragem de viver e agir” (ibid., 39). Tudo isto nos faz compreender como o procedimento principal que distingue os cristãos é precisamente “o amor fundado sobre a fé e por ela plasmado” (ibid., 7).
2. A caridade como vida na fé
Toda a vida cristã consiste em responder ao amor de Deus. A primeira resposta é precisamente a fé como acolhimento, cheio de admiração e gratidão, de uma iniciativa divina inaudita que nos precede e solicita; e o “sim” da fé assinala o início de uma luminosa história de amizade com o Senhor, que enche e dá sentido pleno a toda a nossa vida. Mas Deus não se contenta com o nosso acolhimento do seu amor gratuito; não Se limita a amar-nos, mas quer atrair-nos a Si, transformar-nos de modo tão profundo que nos leve a dizer, como São Paulo: Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim (cf. Gl 2, 20). Quando damos espaço ao amor de Deus, tornamo-nos semelhantes a Ele, participantes da sua própria caridade. Abrirmo-nos ao seu amor significa deixar que Ele viva em nós e nos leve a amar com Ele, n’Ele e como Ele; só então a nossa fé se torna verdadeiramente uma “fé que atua pelo amor” (Gl 5, 6) e Ele vem habitar em nós (cf. 1 Jo 4, 12). A fé é conhecer a verdade e aderir a ela (cf. 1 Tm 2, 4); a caridade é “caminhar” na verdade (cf. Ef 4, 15). Pela fé, entra-se na amizade com o Senhor; pela caridade, vive-se e cultiva-se esta amizade (cf. Jo 15, 14-15). A fé faz-nos acolher o mandamento do nosso Mestre e Senhor; a caridade dá-nos a felicidade de pô-lo em prática (cf. Jo 13, 13-17). Na fé, somos gerados como filhos de Deus (cf. Jo 1, 12-13); a caridade faz-nos perseverar na filiação divina de modo concreto, produzindo o fruto do Espírito Santo (cf. Gl 5, 22). A fé faz-nos reconhecer os dons que o Deus bom e generoso nos confia; a caridade fá-los frutificar (cf. Mt 25, 14-30).
3. O entrelaçamento indissolúvel de fé e caridade
À luz de quanto foi dito, torna-se claro que nunca podemos separar e menos ainda contrapor fé e caridade. Estas duas virtudes teologais estão intimamente unidas, e seria errado ver entre elas um contraste ou uma “dialética”. Na realidade, se, por um lado, é redutiva a posição de quem acentua de tal maneira o carácter prioritário e decisivo da fé que acaba por subestimar ou quase desprezar as obras concretas da caridade reduzindo-a a um genérico humanitarismo, por outro é igualmente redutivo defender uma exagerada supremacia da caridade e sua operatividade, pensando que as obras substituem a fé. Para uma vida espiritual sã, é necessário evitar tanto o fideísmo como o ativismo moralista. A existência cristã consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus. Na Sagrada Escritura, vemos como o zelo dos Apóstolos pelo anúncio do Evangelho, que suscita a fé, está estreitamente ligado com a amorosa solicitude pelo serviço dos pobres (cf. At 6, 1-4). Na Igreja, devem coexistir e integrar-se contemplação e ação, de certa forma simbolizadas nas figuras evangélicas das irmãs Maria e Marta (cf. Lc 10, 38-42). A prioridade cabe sempre à relação com Deus, e a verdadeira partilha evangélica deve radicar-se na fé (cf. Catequese na Audiência geral de 25 de Abril de 2012). De fato, por vezes tende-se a circunscrever a palavra “caridade” à solidariedade ou à mera ajuda humanitária; é importante recordar, ao invés, que a maior obra de caridade é precisamente a evangelização, ou seja, o “serviço da Palavra”. Não há ação mais benéfica e, por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana. Como escreveu o Servo de Deus Papa Paulo VI, na Encíclica Populorum progressio, o anúncio de Cristo é o primeiro e principal fator de desenvolvimento (cf. n. 16). A verdade primordial do amor de Deus por nós, vivida e anunciada, é que abre a nossa existência ao acolhimento deste amor e torna possível o desenvolvimento integral da humanidade e de cada homem (cf. Enc. Caritas in veritate, 8). Essencialmente, tudo parte do Amor e tende para o Amor. O amor gratuito de Deus é-nos dado a conhecer por meio do anúncio do Evangelho. Se o acolhermos com fé, recebemos aquele primeiro e indispensável contato com o divino que é capaz de nos fazer “enamorar do Amor”, para depois habitar e crescer neste Amor e comunicá-lo com alegria aos outros. A propósito da relação entre fé e obras de caridade, há um texto na Carta de São Paulo aos Efésios que a resume talvez do melhor modo: “É pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque nós fomos feitos por Ele, criados em Cristo Jesus, para vivermos na prática das boas ações que Deus de antemão preparou para nelas caminharmos” (2, 8-10). Daqui se deduz que toda a iniciativa salvífica vem de Deus, da sua graça, do seu perdão acolhido na fé; mas tal iniciativa, longe de limitar a nossa liberdade e responsabilidade, torna-as mais autênticas e orienta-as para as obras da caridade. Estas não são fruto principalmente do esforço humano, de que vangloriar-se, mas nascem da própria fé, brotam da graça que Deus oferece em abundância. Uma fé sem obras é como uma árvore sem frutos: estas duas virtudes implicam-se mutuamente. A Quaresma, com as indicações que dá tradicionalmente para a vida cristã, convida-nos precisamente a alimentar a fé com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus e a participação nos Sacramentos e, ao mesmo tempo, a crescer na caridade, no amor a Deus e ao próximo, nomeadamente através do jejum, da penitência e da esmola.
4. Prioridade da fé, primazia da caridade
Como todo o dom de Deus, a fé e a caridade remetem para a ação do mesmo e único Espírito Santo (cf. 1 Cor 13), aquele Espírito que em nós clama:”Abbá! – Pai!” (Gl 4, 6), e que nos faz dizer: “Jesus é Senhor!” (1 Cor 12, 3) e “Maranatha! – Vem, Senhor!” (1 Cor 16, 22; Ap 22, 20). Enquanto dom e resposta, a fé faz-nos conhecer a verdade de Cristo como Amor encarnado e crucificado, adesão plena e perfeita à vontade do Pai e infinita misericórdia divina para com o próximo; a fé radica no coração e na mente a firme convicção de que precisamente este Amor é a única realidade vitoriosa sobre o mal e a morte. A fé convida-nos a olhar o futuro com a virtude da esperança, na expectativa confiante de que a vitória do amor de Cristo chegue à sua plenitude. Por sua vez, a caridade faz-nos entrar no amor de Deus manifestado em Cristo, faz-nos aderir de modo pessoal e existencial à doação total e sem reservas de Jesus ao Pai e aos irmãos. Infundindo em nós a caridade, o Espírito Santo torna-nos participantes da dedicação própria de Jesus: filial em relação a Deus e fraterna em relação a cada ser humano (cf. Rm 5, 5). A relação entre estas duas virtudes é análoga à que existe entre dois sacramentos fundamentais da Igreja: o Batismo e a Eucaristia. O Batismo (sacramentum fidei) precede a Eucaristia (sacramentum caritatis), mas está orientado para ela, que constitui a plenitude do caminho cristão. De maneira análoga, a fé precede a caridade, mas só se revela genuína se for coroada por ela. Tudo inicia do acolhimento humilde da fé (“saber-se amado por Deus”), mas deve chegar à verdade da caridade (“saber amar a Deus e ao próximo”), que permanece para sempre, como coroamento de todas as virtudes (cf. 1 Cor 13, 13). 
     Caríssimos irmãos e irmãs, neste tempo de Quaresma, em que nos preparamos para celebrar o evento da Cruz e da Ressurreição, no qual o Amor de Deus redimiu o mundo e iluminou a história, desejo a todos vós que vivais este tempo precioso reavivando a fé em Jesus Cristo, para entrar no seu próprio circuito de amor ao Pai e a cada irmão e irmã que encontramos na nossa vida. Por isto elevo a minha oração a Deus, enquanto invoco sobre cada um e sobre cada comunidade a Bênção do Senhor!

Vaticano, 15 de Outubro de 2012

Repartir o pão


     O jejum e a caridade funcionam como ‘asas da oração’’. A afirmação é do Papa Bento XVI e reforça a preocupação com o próximo, que deve nortear o comportamento dos cristãos no período da Quaresma, iniciada na Quarta-Feira de Cinzas. Assim como o jejum e a caridade, a oração e a penitência são comuns neste período e devem ser realizados com o intuito de redescobrir a graça do Batismo, renovando a fidelidade a Jesus Cristo e tornando viva na memória sua Redenção pela humanidade. Nesta edição, o Jornal Santuário, publicação da Editora Santuário, dá início a uma série especial de reportagens enfocando as práticas do jejum, da oração e da penitência, tomando como ponto de partida a primeira delas. E como o blog da Semana Santa tem como um dos seus objetivos oferecer subsídios aos internautas que querem se preparar para este momento tão especial, vamos disponibilizar a série do JS. JEJUM - O jejum é uma das muitas formas de penitência indicadas pela Igreja não só na Quaresma, mas ao longo de todo o ano. Mas, por que o sacrifício, se Jesus significa amor e perdão e nos ensina a cultivar esses valores? O jejum não é uma forma de castigo ou algo difícil e penoso às pessoas, mas exatamente uma forma de demonstrar o amor para com Jesus Cristo, partindo do seu sacrifício redentor”, responde o Missionário Redentorista Pe. Inácio Medeiros, que atua no Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
     Por isso, o significado de se privar da alimentação em determinado dia da Quaresma é justamente fazer um sacrifício voluntário, demonstrando concretamente sua adesão a Jesus Cristo e a seu projeto de salvação, assim como o próprio Redentor fez, jejuando 40 dias e 40 noites no deserto. Verdadeiro sentido - Para o Missionário Redentorista, o verdadeiro sentido do jejum é que a prática deve necessariamente brotar do coração de cada fiel, como uma expressão do amor para com Deus e do agradecimento pelo fato de Jesus Cristo ter dado a própria vida para salvar o mundo.
Nesse sentido, o jejum, a abstinência ou qualquer outra forma de sacrifício devem estar relacionados a uma finalidade maior. “Tem de ter em vista um bem maior, que é a transformação da vida da pessoa. E, quando a gente fala de transformação, sempre é para algo maior”, aponta Pe. Inácio. O sacerdote reforça que a Quaresma é um tempo especial para a análise da vida de cada cristão, para que se faça um exame de consciência mais intenso. Pelo fato de significar um período mais profundo de transformação da vida, a recomendação é deixar de lado os erros, as fraquezas e as limitações.
     Portanto, é com essa finalidade que o jejum e outros sacrifícios devem acontecer, ajudando no processo de transformação e de aperfeiçoamento de cada um. Pe. Inácio Medeiros alerta, porém, que muita gente passa o tempo da Quaresma fazendo determinado sacrifício, como praticar o jejum, por exemplo, e depois abusa da comida para compensar o que deixou de comer. Outra observação do sacerdote é que a prática do jejum não deve ser transformada em permuta com Deus. “Tipo assim: eu fico a Quaresma sem comer carne, ou sem fumar, ou sem tomar refrigerantes, para que Deus me faça isso ou aquilo”, exemplifica, lembrando que o sacrifício não pode significar comércio. Jejum e caridade - O jejum possui uma relação estreita com a caridade, devendo levar à prática de obras de misericórdia. Por isso, é preciso pensar em doar a quem precisa, aplicando o que se gastaria na aquisição de alimentos em uma obra de caridade, por exemplo. “Ou seja, eu retiro não daquilo que me sobra, mas uma parte daquilo que é necessário para mim; e essa parte eu vou aplicar numa obra de solidariedade para com os irmãos”, explica Pe. Inácio.
     Segundo o religioso, é com base nesse princípio que a Igreja no Brasil propõe a Campanha da Fraternidade no tempo da Quaresma. “Não é apenas questão de fazer penitência, de jejuar, de se abster da carne, mas ligar esse gesto com o gesto da fraternidade, que é muito mais importante”, completa.

Apelos da Quaresma


     Os apelos da Quaresma, tempo precioso que a Igreja Católica, por quarenta dias, consagra como preparação para a Páscoa do Senhor, ecoam na consciência dos cristãos, homens e mulheres. Ecoa porque o núcleo mais importante de cada pessoa é a própria consciência, problema que é um fenômeno central de nosso tempo, como também é central na reflexão moral cristã. O contexto contemporâneo está na fase de reconhecimento e valorização, cada vez mais nítida, da responsabilização da pessoa e do caráter originário de sua consciência. Já é distante a fase na qual houve a exaltação unilateral da lei objetiva – da polis e do jus do Estado romano – passando pela consideração estóica da consciência como seu eco e reflexo, até a responsabilização de cada pessoa considerando-se a essencialidade de sua consciência, condição determinante na vivência da dignidade e responsabilidade ao estruturar-se como cidadão. Estas referências são suficientes para concluir que os apelos da Quaresma, por configuração própria de sua significação ética e moral, e garantia da sustentabilidade do que é próprio da consciência, podem e devem ecoar no coração dos cristãos. Bem como, no de toda e qualquer pessoa, como ajuda indispensável para correção, acertos e manutenção do que é a sua mais importante referência de sustento: a consciência, com sua moralidade e princípios que a mantêm com integridade.
     O evangelista Marcos, no capítulo sete do seu Evangelho, narra com maestria inigualável, de maneira direta, simples e muito eficaz, como Jesus – o cordeiro pascal imolado na grande festa da redenção, a Páscoa -, ensina aos seus discípulos esse importante e básico entendimento moral, disciplinar e comportamental. Depois de falar à multidão, já a sós com os discípulos, em casa, enquanto lhe faziam perguntas sobre os ensinamentos de suas parábolas, por ter dito que o que sai da pessoa é que a torna impura, esclareceu: “Também vós não entendeis? Não compreendeis que nada que de fora entra na pessoa a torna impura, porque não entra no seu coração, mas no estômago, e vai para a fossa?” Assim Jesus declarou puro todo alimento. E acrescentou: “O que sai da pessoa é que a torna impura. Pois é de dentro, do coração humano, que saem as más intenções: imoralidade sexual, roubos, homicídios, adultérios, ambições desmedidas, perversidades, fraude, devassidão, inveja, calúnia, orgulho e insensatez. Todas essas coisas saem de dentro e são elas que tornam alguém impuro”. O coração é a consciência da pessoa. Aí é que está o sustento ou a derrocada de suas opções, comportamentos e compromissos éticos e cidadãos. Tendo um coração, uma consciência, cada pessoa é precisada e depositária de apelos que lhe devolvam a condição da possibilidade de conquistar a integridade ética e moral que, na verdade, define sua dignidade e vivência. Nisso está, incontestavelmente, a explicação dos desmandos que geram abusos de poder e arbitrariedades, comuns desde a família, passando pelas instituições religiosas até as governamentais, todas elas a serviço da vida em comum. Este entendimento explica a gravidade da corrupção que se configura como abominável cultura, do jeito maroto de passar o outro para trás incluindo também outros absurdos, por exemplo, verbas públicas, destinadas à melhoria da condição social dos mais pobres, que são embolsadas e interceptadas no seu percurso, jamais chegando ao devido destino.
     Há uma lista grande de inconveniências e descompassos na conduta individual, na configuração social e política que precisam ser iluminadas e interpeladas pelos apelos próprios da Quaresma. Apelos que vêm com o anúncio da Palavra de Deus indicando o medicamento que se toma como escuta amorosa e com atenção redobrada. Essa escuta ilumina o mais íntimo da consciência, faz desabrochar, pelo desejo de conversão, a convicção de que é preciso viver o dia a dia de modo diferente, mais qualificado, humanizado, à altura da dignidade humana e cidadã de cada um. Uma convicção que dá gosto, um percurso saudável, qualificado e frutuoso.
     O Papa Bento XVI, na sua rica mensagem quaresmal, referindo-se às tentações narradas pelo evangelista Mateus – Evangelho do primeiro domingo da Quaresma – sublinha que a nossa condição de homens nesta terra é o combate às tentações, a exemplo de Jesus, tomando consciência de nossa própria fragilidade.
     Bem assim, é preciso ter consciência clara, diz o Papa, de que o diabo é ativo e não se cansa de tentar quem quer se aproximar de Deus. Põe-se o desafio, indica o pontífice, que cada um deve se esforçar para distanciar-se dos boatos da vida cotidiana e imergir na presença de Deus. Acontecimentos, sinais da natureza, a vida, o dia a dia, indicam o quanto é necessário e urgente acolher os apelos da Quaresma.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte (MG)



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

18º RETIRO DA LEGIÃO E MARIA

Retiro de carnaval promovido pelo praesidium Ave Maria já a dezoito anos, juntamente com outros praesidia.