Embora o culto à bem-aventurada Virgem Maria
esteja presente na Igreja desde os seus primórdios – afinal, como não honrar
singularmente aquela mulher que o próprio Senhor escolheu para ser a Mãe de Seu
único Filho? –, nos últimos anos, especialmente com as aparições
extraordinárias de Nossa Senhora aos jovens Maximin Giraud e Mélanie Calvat, a
Santa Bernadete Subirous, a Santa Catarina de Labouré, aos pastorinhos de
Fátima e a tantas outras personagens verdadeiramente agraciadas por Deus,
cresceu com mais força o amor do povo cristão a Maria Santíssima.
Os Papas dos
últimos tempos são particularmente responsáveis por colocar no coração dos
fiéis um respeito e devoção cada vez maiores à Virgem. Foi por iniciativa do
bem-aventurado Pio IX, em 1854, que se passou a venerar publicamente Nossa
Senhora sob o título da "Imaculada Conceição" e foi pela boca do
venerável Papa Pio XII que se proclamou, em 1950, o dogma da Assunção de Maria
aos céus. E isto só para citar os momentos marianos mais solenes dos últimos
pontificados.
De fato, em não
poucas ocasiões foi do Pontífice Romano que se ouviu o convite para a récita do
Santo Rosário. Só da pena de Leão XIII saíram numerosas encíclicas, recordando
ao povo cristão a importância da oração do Santo Terço para o combate contra o
mal, a glorificação da Igreja e a santificação dos homens.
As cartas do Papa Pecci eram normalmente
escritas dias antes do mês de outubro. Nelas, o Santo Padre lembrava que "o Rosário constitui a
mais excelente forma de oração, e o meio mais eficaz para alcançar a vida
eterna, visto como, além da excelência das suas orações, ele nos oferece uma
sólida defesa da nossa fé e um sublime modelo de virtude, nos mistérios
propostos à nossa contemplação". Aquela que parecia apenas
mais uma prática piedosa era fervorosamente recomendada pelo próprio sucessor
de São Pedro. Lia-se, nos documentos do vigário de Cristo na Terra, que,
"entre as múltiplas formas de piedade para com Maria, a mais estimada e
praticada é a, tão excelente, do santo Rosário".
Pedindo aos cristãos que rezassem o Terço
também pela volta dos dissidentes à única Igreja de Cristo, Leão XIII negava
que o amor a Maria Santíssima pudesse ser ponto de divisão entre aqueles que
creem em Jesus. Ele estava convencido de que a unidade da Igreja dependia
particularmente da convergência de todos os olhares no olhar da Mãe. "Maria será, escrevia o
Pontífice, o feliz laço que, com a sua força, unirá todos aqueles que amam a
Cristo, onde quer que estejam, formando deles um só povo de irmãos, prontos a
obedecer, como a um pai comum, ao Vigário de Cristo na terra, o Pontífice
Romano."
É inútil calar o
nome de Nossa Senhora em nome de um mal-entendido ecumenismo, quando é
justamente por Sua intercessão que todos poderão, como orava Jesus, ser um só
redil, debaixo da autoridade de um só pastor. Foi ela quem, com o seu
"sim" à vontade do Altíssimo, gerou a Igreja, Corpo místico de
Cristo, e é também por ela que os verdadeiros cristãos serão gerados, até o fim
dos tempos.
Foi também ela quem preparou para conduzir
a Igreja universal um Pastor segundo o Seu Imaculado Coração – o bem-aventurado
João Paulo II. Consagrado totalmente a Ela pelo método de São Luís Maria
Grignion de Montfort, Wöjtyla nunca escondeu sua grande devoção a Nossa
Senhora, chegando a defendê-la inúmeras vezes, com carinho de filho, das
acusações dos Seus inimigos, que menosprezam o Seu protagonismo na história da
salvação. João Paulo II estava convencido de que "tudo (...) em Maria
deriva de Cristo e para Ele está orientado" e que"nunca se honra mais a
Jesus Cristo do que quando se honra muito à Santíssima Virgem".
Com o propósito de colocar todo o mundo
debaixo de Seu manto virginal, o mesmo João Paulo II – seguindo os passos de
seu predecessor, o Papa Pio XII – consagrou toda a humanidade ao Imaculado
Coração de Maria, em 1984, durante o Ano Santo da Redenção. "A força desta
consagração permanece por todos os tempos e abrange todos os homens, os povos e
as nações", disse o Papa na ocasião.
Ainda assim, o Papa Francisco, demonstrando
sua ligação filial a Nossa Senhora, decidiu renovar-lhe a consagração de toda a
humanidade. Ela acontecerá durante este fim de semana, em Roma, por ocasião de
uma Jornada Mariana. No domingo, dia 13 de outubro, o Sumo
Pontífice depositará, aos pés da imagem da Virgem de Fátima, "as alegrias
e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos
pobres e de todos aqueles que sofrem", a fim de serem purificadas pelo
sangue de Cristo e pela mãos de Maria Santíssima.
A insistência da Igreja e dos Papas em
indicar aos seus filhos o colo da Mãe brota da firme convicção de que, como
ensina São Luís de Montfort, Deus "não mudará de procedimento em todos os
séculos": "Foi pela Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao
mundo, e é também por Ela que deve reinar no mundo".
Por Equipe Christo Nihil Praeponere
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