A
Virgem Amamentando o Menino Jesus e São João Batista Criança em
Adoração,
c. 1500-20
João
nasceu numa pequena aldeia chamada Aim Karim,
a cerca de seis quilômetros lineares de distância a oeste de Jerusalém. Segundo interpretações do Evangelho de Lucas,
era um nazireu de nascimento. Outros documentos defendem que pertencia à facção
nazarita de Israel, integrando-a na puberdade, era considerado, por
muitos, um homem consagrado. De acordo com a cronologia neste artigo, João teria nascido no ano 7a.C;
os historiadores religiosos tendem a aproximar esta data do ano 1º,
apontando-a para 2 a.C.
Como
era prática ritual entre os judeus, o seu pai Zacarias teria procedido à cerimônia de circuncisão,
ao oitavo dia de vida do menino. A sua educação foi grandemente
influenciada pelas ações religiosas e pela vida no templo, uma vez
que o seu pai era um sacerdote e a sua mãe pertencia a uma sociedade
chamada "as filhas de Araão", as quais cumpriam com
determinados procedimentos importantes na sociedade religiosa da
altura.
Aos
6 anos de idade, de acordo com a educação sistemática judaica,
todos os meninos deveriam iniciar a sua aprendizagem "escolar".
Em Judá não existia uma escola, pelo que terá sido o seu pai e a
sua mãe a ensiná-lo a ler e a escrever, e a instruí-lo nas
atividades regulares.
Aos
14 anos há uma mudança no ensino. Os meninos, graduados nas escolas
da sinagoga, iniciam um novo ciclo na sua educação. Como não
existia uma escola em Judá, os seus pais terão decidido levar João
a Engedii
(atual Qumram)
com o fito de este ser iniciado na educação nazarita.
João
terá efetuado os votos de nazarita que incluíam abster-se de
bebidas intoxicantes, o deixar o cabelo crescer, e o não tocar nos
mortos. As ofertas que faziam parte do ritual foram entregues em
frente ao templo de Jerusalém como caracterizava o ritual.
Engedi
era a sede ao sul da irmandade nazarita, situava-se perto do Mar Morto e era liderada por um homem, reconhecido, de nome Ebner.
Morte dos pais e início da vida adulta
O
pai de João, Zacarias, terá morrido no ano 12 d.C.
João teria 18-19 anos de idade, e terá sido um esforço manter o
seu voto de não tocar nos mortos. Com a morte do seu pai, Isabel
ficaria dependente de João para o seu sustento. Era normal ser o
filho mais velho a sustentar a família com a morte do pai. João
seria filho único. Para se poder manter próximo de Engedi e ajudar
a sua mãe, eles terão se mudado, de Judá para Hebrom (o deserto da Judéia). Ali João terá iniciado uma vida de pastor,
juntando-se às dezenas de grupos ascetas que deambulavam por aquela região, e que se juntavam amigavelmente e
conviviam com os nazaritas de Engedi.
Isabel
terá morrido no ano 22.d.C e foi sepultada em Hebrom.
João ofereceu todos os seus bens de família à irmandade nazarita e
aliviou-se de todas as responsabilidades sociais, iniciando a sua
preparação para aquele que se tornou um “objectivo de vida” -
pregar aos gentios e admoestar os judeus, anunciando a proximidade de
um “Messias” que estabeleceria o “Reino do Céu”. De acordo
com um médico da Antioquia,
que residia em Písia, de nome Lucas, João terá iniciado o seu
trabalho de pregador no 15º ano do reinado de Tibério. Lucas foi um
discípulo de Paulo,
e morreu em 90.
A sua herança escrita, narrada no "Evangelho Segundo São Lucas"
e "Atos dos Apóstolos"
foram compiladas em acordo com os seus apontamentos dos conhecimentos
de Paulo e de algumas testemunhas que ele considerou. Este 15º ano
do reinado de Tibério César terá marcado, então, o início da pregação pública de João e a
sua angariação de discípulos por toda a Judeia em acordo com o Novo Testamento.
Esta
data choca com os acontecimentos cronológicos. O ano 15 do reinado
de Tibério ocorreu no ano 29 d.C.
Nesta data, quer João Baptista, quer Jesus teriam provavelmente 36 a
37 anos de idade. Desta forma, considera-se que Lucas tenha errado na
datação dos acontecimentos.
Influência religiosa
Ministério de João Batista
É
perspectiva comum que a principal influência na vida de João terá
sido o registros que lhe chegaram sobre o profeta Elias. Mesmo a sua
forma de vestir com peles de animais e o seu método de exortação
nos seus discursos públicos, demonstravam uma admiração pelos
métodos antepassados do profeta Elias.
Foi muitas vezes chamado de “encarnação de Elias” e o Novo
Testamento, pelas palavras de Lucas, refere mesmo que existia uma
incidência do Espírito de Elias nas acções de João.
O
Discurso principal de João era a respeito da vinda do Messias.
Grandemente esperado por todos os judeus, o Messias era a fonte de
toda as esperanças deste povo em restaurar a sua dignidade como
nação independente. Os judeus defendiam a ideia da sua
nacionalidade ter iniciado com Abraão,
e que esta atingiria o seu ponto culminar com achegada do Messias.
João advertia os judeus e convertia gentios, e isto tornou-o amado
por uns e desprezado por outros.
Importante
notar que João não introduziu o baptismo no conceito judaico, este
já era uma cerimônia praticada. A inovação de João terá sido a
abertura da cerimônia à conversão dos gentios, causando assim
muita polemica.
Numa
pequena aldeia de nome “Adão” João pregou a respeito “daquele
que viria”, do qual não seria digno nem de apertar as alparcas (as
correias das sandálias). Nessa aldeia também, João acusou Herodes
e repreendeu-o no seu discurso, por este ter uma ligação com a sua
cunhada Herodíades, que era mulher de Filipe, rei da Ituréia e
Traconites (irmão de Herodes Antipas I).
Esta acusação pública chegou aos ouvidos do tetrarca e valeu-lhe a
prisão e a pena capital por decapitação alguns meses mais tarde.
Batismo de Jesus
João
batizava em Pela, quando Jesus se aproximou, na margem do rio Jordão.
A síntese bíblica do acontecimento é resumida, mas denota alguns
fatores fundamentais no sentimento da experiência de João. Nesta
altura João encontrava-se no auge das suas pregações. Teria já
entre 25 a 30 discípulos e batizava judeus e gentios arrependidos.
Neste tempo os judeus acreditavam que Deus castigava não só os
iníquos, mas as suas gerações descendentes. Eles acreditavam que
apenas um judeu poderia ser o culpado do castigo de toda a nação. O
baptismo para muitos dos judeus não era o resultado de um
arrependimento pessoal. O trabalho de João progredia.
Os
relatos Bíblicos contam a história da voz que se ouviu, quando João
batizou Jesus, dizendo “este é o Meu filho amado no qual ponho
toda a minha complacência”. Refere que uma pomba esvoaçou sobre
os dois personagens dentro do rio, e relacionam essa ave com uma
manifestação do Espírito Santo. Este acontecimento sem qualquer
repetição histórica tem servido por base a imensas doutrinas.
Prisão e morte
Decapitação de João Batista
O
aprisionamento de João ocorreu na Pereia,
a mando do Rei Herodes Antipas I no 6º mês do ano 26 d.C.
Ele foi levado para a fortaleza de Macaeros (Maqueronte), onde foi
mantido por dez meses até ao dia de sua morte. O motivo desse
aprisionamento apontava para a liderança de uma revolução. Herodias,
por intermédio de sua filha, tradicionalmente chamada de Salomé,
conseguiu coagir o Rei na morte de João, e a sua cabeça foi-lhe
entregue numa bandeja de prata.
Os
discípulos de João trataram do sepultamento do seu corpo e de
anunciar a sua morte ao seu primo Jesus.
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