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segunda-feira, 31 de maio de 2021

A Festa de Corpus Christi - Prof. Felipe Aquino



A Festa de “Corpus Christi” é a celebração em que solenemente a Igreja comemora o Santíssimo Sacramento da Eucaristia; sendo o único dia do ano que o Santíssimo Sacramento sai em procissão às nossas ruas. Nesta festa os fiéis agradecem e louvam a Deus pelo inestimável dom da Eucaristia, na qual o próprio Senhor se faz presente como alimento e remédio de nossa alma. A Eucaristia é fonte e centro de toda a vida cristã. Nela está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, o próprio Cristo.

A Festa de Corpus Christi surgiu no séc. XIII, na diocese de Liège, na Bélgica, por iniciativa da freira Juliana de Mont Cornillon, (†1258) que recebia visões nas quais o próprio Jesus lhe pedia uma festa litúrgica anual em honra da Sagrada Eucaristia.

Aconteceu que quando o padre Pedro de Praga, da Boêmia, celebrou uma Missa na cripta de Santa Cristina, em Bolsena, Itália, ocorreu um milagre eucarístico: da hóstia consagrada começaram a cair gotas de sangue sobre o corporal após a consagração. Dizem que isto ocorreu porque o padre teria duvidado da presença real de Cristo na Eucaristia.

O Papa Urbano IV (1262-1264), que residia em Orvieto, cidade próxima de Bolsena, onde vivia S. Tomás de Aquino, ordenou ao Bispo Giacomo que levasse as relíquias de Bolsena a Orvieto. Isso foi feito em procissão. Quando o Papa encontrou a Procissão na entrada de Orvieto, pronunciou diante da relíquia eucarística as palavras: “Corpus Christi”.

Em 11/08/1264 o Papa aprovou a Bula “Transiturus de mundo”, onde prescreveu que na 5ª feira após a oitava de Pentecostes, fosse oficialmente celebrada a festa em honra do Corpo do Senhor. São Tomás de Aquino foi encarregado pelo Papa para compor o Ofício da celebração. O Papa era um arcediago de Liège e havia conhecido a Beata Cornilon e havia percebido a luz sobrenatural que a iluminava e a sinceridade de seus apelos.

Em 1290 foi construída a belíssima Catedral de Orvieto, em pedras pretas e brancas, chamada de “Lírio das Catedrais”. Antes disso, em 1247, realizou-se a primeira procissão eucarística pelas ruas de Liège, como festa diocesana, tornando-se depois uma festa litúrgica celebrada em toda a Bélgica, e depois, então, em todo o mundo no séc. XIV, quando o Papa Clemente V confirmou a Bula de Urbano IV, tornando a Festa da Eucaristia um dever canônico mundial.

Em 1317, o Papa João XXII publicou na Constituição Clementina o dever de se levar a Eucaristia em procissão pelas vias públicas. A partir da oficialização, a Festa de Corpus Christi passou a ser celebrada todos os anos na primeira quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade.

Todo católico deve participar dessa Procissão por ser a mais importante de todas que acontecem durante o ano, pois é a única onde o próprio Senhor sai às ruas para abençoar as pessoas, as famílias e a cidade. Em muitos lugares criou-se o belo costume de enfeitar as casas com oratórios e flores e as ruas com tapetes ornamentados, tudo em honra do Senhor que vem visitar o seu povo.

Começaram assim as grandes procissões eucarísticas, as adorações solenes, a Bênção com o Santíssimo no ostensório por entre cânticos. Surgiram também os Congressos Eucarísticos, as Quarenta Horas de Adoração e inúmeras outras homenagens a Jesus na Eucaristia. Muitos se converteram e todo o mundo católico.
10 MILAGRES EUCARISTICOS


A revista “Jesus” das Edições Paulinas de Roma, publicou uma matéria do escritor Antonio Gentili, em abril de 1983, pp. 64-67, onde apresenta uma resenha de milagres eucarísticos. Há tempos, foi traçado um "Mapa Eucarístico", que registra o local e a data de mais de 130 milagres, metade dos quais ocorridos na Itália.



São muitíssimos os milagres eucarísticos no mundo todo. Por exemplo, Marthe Robin, uma francesa, milagre eucarístico vivo, alimentou-se durante mais de quarenta anos só de Eucaristia. Teresa Newmann, na Alemanha, durante mais de 36 anos alimentou-se só de Eucaristia.



1 - Lanciano - Itália – no ano 700

Em Lanciano – séc. VIII. Um monge da ordem de São Basílio estava celebrando na Igreja dos santos Degonciano e Domiciano. Terminada a Consagração, que ele realizara, a hóstia transformou-se em carne e o vinho em sangue depositado dentro do cálice.

O exame das relíquias, segundo critérios rigorosamente científicos,, foi efetuado em 1970-71 e outra vez em 1981 pelo Professor Odoardo Linoli, catedrático de Anatomia e Histologia Patológica e Química e Microscopia Clínica, Coadjuvado pelo Professor Ruggero Bertelli, da Universidade de Siena. Resultados:

1) A hóstia é realmente constituída por fibras musculares estriadas, pertencentes ao miocárdio.

2) Quanto ao sangue, trata-se de genuíno sangue humano. Mais: o grupo sangüíneo ‘A’ que pertencem os vestígios de sangue, o sangue contido na carne e o sangue do cálice revelam tratar-se sempre do mesmo sangue grupo ‘AB’ (sangue comum aos Judeus). Este é também o grupo que o professor Pierluigi Baima Bollone, da universidade de Turim, identificou no Santo Sudário.

3) Apesar da sua antigüidade, a carne e o sangue se apresentam com uma estrutura de base intacta e sem sinais de alterações substanciais; este fenômeno se dá sem que tenham sido utilizadas substâncias ou outros fatores aptos a conservar a matéria humana, mas, ao contrário, apesar da ação dos mais variados agentes físicos, atmosféricos, ambientais e biológicos.

2 - Orvieto - Bolsena - Itália – 1263

Inicio da Festa de Corpus Christi

3 - Ferrara - 28/03/1171

Aconteceu este milagre na Basílica de Santa Maria in Vado, no século XII. Propagava-se com perigo a heresia de Berengário de Tours (†1088), que negava a Presença real de Cristo na Eucaristia. Aos 28 de março de 1171, o Pe. Pedro de Verona, com três sacerdotes celebravam a Missa de Páscoa; no momento de partir o pão consagrado, a Hóstia se transformou em carne, da qual saiu um fluxo de sangue que atingiu a parte superior do altar, cujas marcas são visíveis ainda hoje.

Há documentos que narram o fato: um “Breve’ do Cardeal Migliatori (1404). - Bula de Eugênio IV (1442), cujo original foi encontrado em Roma em 1975. Mas, a descoberta mais importante deu-se em Londres, em 1981, foi encontrado um documento de 1197 narrando o fato.

4 - Offida - Itália – 1273

Ricciarella Stasio - devota imprudente, realizava práticas supersticiosas com a Eucaristia; em uma dessas profanações, a Hóstia se transformou em carne e sangue. Foram entregues ao pe. Giacomo Diattollevi, e são conservadas até hoje. Há muitos testemunhos históricos sobre este fato.

5 - Sena – Cáscia - Itália – 1330

Hoje este milagre é celebrado em Cássia, terra de Santa Rita de Cássia. Em 1330, um sacerdote foi levar o viático a um enfermo e colocou indevidamente, de maneira apressada e irreverente, uma Hóstia dentro do seu Breviário para levá-la ao doente grave. No momento da Comunhão, abriu o livro e viu que a Hóstia se liquefez e, quase reduzida a sangue, molhou as páginas do Livro.

Então o sacerdote negligente apressou-se a entregar o livro e a Hóstia a um frade agostiniano de Sena, o qual levou para Perúgia a pagina manchada de sangue e para Cáscia a outra página onde a Hóstia ficou presa. A primeira página perdeu-se em 1866 mas a relíquia chamada de “Corpus Domini” é atualmente venerada na basílica de Santa Rita.

6 - Turim - Itália – 1453

Na Alta Itália ocorria uma uma guerra furiosa pelo ducado de Milão. Os Piemonteses saquearam a cidade; ao chegarem a Igreja, forçaram o Tabernáculo. Tiraram o ostensório de prata, no qual se guardava o corpo de Cristo ocultando-no dentro de uma carruagem juntamente com os outros objetos roubados, e dirigiram-se para Turim. Crônicas antigas relatam que, na altura da Igreja de São Silvestre, o cavalo parou bruscamente a carruagem – o que ocasionou a queda, por terra, do ostensório – o ostensório se levantou nos ares "com grande esplendor e com raios que pareciam os do sol". Os espectadores chamaram o Bispo da cidade, Ludovico Romagnano, que foi prontamente ao local do prodígio. Quando chegou, "O ostensório caiu por terra, ficando o corpo de Cristo nos ares a emitir raios refulgentes". O Bispo, diante dos fatos, pediu que lhe levassem um cálice. Dentro do cálice, desceu a hóstia, que foi levada para a catedral com grande solenidade. Era o dia 9 de junho de 1453. Existem testemunhos contemporâneos do acontecimento (Atti Capitolari de 1454 a 1456). A Igreja de "Corpus Domini" (1609), que até hoje atesta o prodígio.

7 - Sena - Itália – 1730

Na Basília de São Francisco, em Sena, pátria de Santa Catarina de Sena, durante a noite de 14 para 15 de março de 1730, foram jogadas no chão 223 hóstias consagradas, por ladrões que roubaram o cibório de prata onde elas estavam. Dois dias depois, as Hóstias foram achadas em caixa de esmolas misturas com dinheiro. Elas foram limpadas e guardadas na Basílica de São Francisco; ninguém as consumiu; e logo o milagre aconteceu visto que com o passar do tempo as Hóstias não se estragaram, o que é um grande milagre. A partir de 1914 foram feitos exames químicos que comprovaram pão em perfeito estado de conservação.

8 - Milagre Eucarístico de Santarém – Portugal (1247)

Aconteceu no dia 16 de fevereiro de 1247, em Santarém, 65 km ao norte de Lisboa. O milagre se deu com uma dona de casa, Euvira, casada com Pero Moniz, a qual sofrendo com a infidelidade do marido, decidiu consultar uma bruxa judia que morava perto da igreja da Graça. Esta bruxa prometeu-lhe resolver o problema se como pagamento recebesse uma Hóstia Consagrada. Para obter a Hóstia, a mulher fingiu-se de doente e enganou o padre da igreja de S. Estevão, que lhe deu a sagrada Comunhão num dia de semana. Assim que ela recebeu a Hóstia, sem o padre notar, colocou-a nas dobras do seu véu. De imediato a Hóstia começou a sangrar. Assustada, a mulher correu para casa na Rua das Esteiras, perto da Igreja e escondeu o véu e a Hóstia numa arca de cedro onde guardava os linhos lavados. À noite o casal foi acordado com uma visão espetacular de Anjos em adoração à sagrada Hóstia sangrando. Várias investigações eclesiásticas foram feitas durante 750 anos. As realizadas em 1340 e 1612 provaram a sua autenticidade. Em 5 de abril de 1997, por decreto de D. Antonio Francisco Marques, Bispo de Santarém, a Igreja de S. Estevão, onde está a relíquia, foi elevada a Santuário Eucarístico do Santíssimo Sangue.

9 – Faverney, na França, em 1600

O Milagre Eucarístico que aconteceu em Faverney, na França consistiu numa notável demonstração sobrenatural de superação da lei da gravidade. Faverney está localizado a 20 quilômetros de Vesoul, distante 68,7 quilômetros de Besançon.

Um dos noviços chamado Hudelot, notou que o Ostensório que se encontrava junto Santíssimo Sacramento sobre o Altar, elevou-se e ficou suspenso no ar e que as chamas se inclinavam e não tocavam nele. Os Frades Capuchinhos de Vesoul também apressaram-se para observar e testemunhar o fenômeno. Embora os monges com a ajuda do povo, conseguiram apagar o incêndio que queria consumir toda a Igreja, o Milagre não cessou, o Ostensório com JESUS Sacramentado continuou flutuando no espaço.

10 - Em Stich, Alemanha, 1970

Na região Bávara da Alemanha, junto à fronteira suíça, em 9 de junho de 1970, enquanto um padre visitante da Suíça estava celebrando uma Missa numa capela, uma série incomum de eventos aconteceu. Depois da Consagração, o celebrante notou que uma pequena mancha avermelhada começou a aparecer no corporal, no lugar onde o cálice tinha estado descansando. Desejando saber se o cálice tinha começado a vazar, o padre correu a mão dele debaixo do cálice, mas achou-o completamente seco. A esta altura, a mancha crescera, atingindo o tamanho de uma moeda de dez centavos. Depois de completar a Missa, o padre inspecionou todo o altar, mas não conseguiu encontrar qualquer coisa que pudesse ser remotamente a fonte da mancha avermelhada. Ele trancou o corporal que apresentava a mancha num local seguro, até que pudesse discutir o assunto com o pároco.



Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com
Prof. Felipe Aquino, casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, já escreveu 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Trocando Idéias". Conheça mais em www.cleofas.com.br.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

OUTUBRO, MÊS DAS MISSÕES - 2013


A 5ª Conferência de Aparecida faz apelo forte, no sentido de que toda a Igreja, todos os batizados se tornem discípulos-missionários de Jesus Cristo.
As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da CNBB insistem no assunto, falando de “uma Igreja em estado permanente de missão”.
O Papa Francisco está insistindo muito numa Igreja que sai das quatro paredes, de uma Igreja do “ir”. O Papa Francisco nos manda arriscar. Prefere uma Igreja acidentada por arriscar, à uma Igreja parada , doente. Não esqueçamos de nossa diocese irmã de Cristalândia e de nosso missionário, Pe. Antônio Mendes.
O mês missionário retoma o tema da Campanha da Fraternidade, dando-lhe roupagem missionária: Juventude em missão. Lema: “A quem eu te enviar, irás” (Jr. 1,7b).
É importante que em cada comunidade se assuma com muito empenho e criatividade o trabalho missionário e também a coleta. O mês missionário não visa só a coleta, mas todo um trabalho de animação missionária. Quando o povo é bem motivado, não deixa de responder positivamente.
Não existe missão sem visitação, sem sair, ir ao encontro, acolher bem. Visitar é ir, sair, ir ao encontro das pessoas, das famílias, das comunidades, marcar presença nos diversos ambientes.
Nas celebrações, dar sempre um enfoque missionário, usar os planfletos que trazem preces, oração e explicações sobre o Ano da Infância e Adolescência Missionária no Brasil, sobre a coleta do Dia Mundial das Missões, sobre a Comissão Episcopal para a Amazônia e sobre o Dia Nacional da Juventude.
O Dia Mundial das Missões, além de conscientizar para o espírito missionário, nos convida a fazer um gesto de solidariedade através de uma coleta para o trabalho missionário. A distribuição dos envelopes ajuda bastante para uma boa coleta. Toda coleta é enviada para Roma, que aplica estes recursos nas terras de missão. Dias 19 e 20 de outubro, Dia Mundial das Missões, é o dia da Coleta Nacional em favor das missões.
Ser missionário é pensar globalmente e agir localmente. Ser missionário é ocupar os espaços vazios. Nós não podemos ir até as terras de missão, mas a nossa oração e os nossos recursos podem chegar até lá.


Saudações Missionários!


Pe. Valdemar Carminati

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Setembro Mês da Bíblia




"Estudar a Palavra de Deus, não é como adquirir qualquer conhecimento, mas, sim, o único conhecimento que tem a capacidade de nos regenerar desde agora e para todo o sempre."
 (Irmão Fábio)




Setembro é o mês da Bíblia. Este mês foi escolhido pela Igreja porque no dia 30 de setembro é dia de São Jerônimo (ele nasceu no ano de 340 e faleceu em 420 dC). São Jerônimo foi um grande biblista e foi ele quem traduziu a Bíblia dos originais (hebraico e grego) para o latim, que naquela época era a língua falada no mundo e usada na liturgia da Igreja.
A Bíblia é hoje o único livro que está traduzido em praticamente todas as línguas do mundo e que está em quase todas as casas. Serve de “alimento espiritual” para a Igreja e para as pessoas e ajuda o povo de Deus na sua caminhada em busca de construir um mundo melhor.
Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, para educar conforme a justiça ” (2Tm 3,16). A Bíblia foi escrita por pessoas chamadas e escolhidas por Deus e que foram inspiradas através do Espírito Santo. Ela revela o projeto de Deus para o mundo; serve para que todos possamos crescer na fé e levar uma vida de acordo com o projeto de Deus. Por isso, ela é a grande “Carta de Amor” de Deus à Humanidade.
A Palavra de Deus nos revela o rosto de Deus e seu mistério. Ela é a história do Deus que caminhou com seu povo e do povo que caminhou com seu Deus. A Bíblia tem uma longa história, desde nossos pais e mães da fé (Abraão e Sara, Isaac e Rebeca, Jacó Lia e Raquel) passando por Moisés, pelos Profetas, até a vinda do Messias, e por fim a morte do último dos Doze Apóstolos quando foi escrito o último livro da Bíblia (o Apocalipse, escrito no final do I século). A Palavra de Deus demorou em torno de dois mil anos para ser escrita. Muitas pessoas fizeram parte desta história: homens, mulheres, crianças, jovens, anciãos... Por isso, podemos dizer que a Bíblia é um livro feito em mutirão.

domingo, 4 de agosto de 2013

Dia do Padre


04 de Agosto


Vejamos quem é o Padre:

É alguém escolhido por Deus, dentro de uma comunidade, no seio de uma família, para ser o continuador da obra salvadora de Jesus. Ele assume a missão de construir a comunidade.
Por graça e vocação, o padre age em nome de Jesus: ele perdoa os pecados, ele reconcilia seus irmãos com Deus e entre si; ele trás a bênção de Deus para todos.
O padre é aquele que celebra a vida de Deus na vida da comunidade. Na Celebração Eucarística , ele trás Jesus para as comunidades. A Eucaristia é a razão primeira do sacerdócio.
O padre alimenta seus fiéis por esse sacramento, pela sua pregação e pelo seu testemunho.
Padre é o modelo por excelência de Jesus Cristo, o bom Pastor. Por esse motivo ele deve ser como o Cristo Pastor. O Padre deve ser o pastor atencioso de seu rebanho.
Deve guiar por bons caminhos, orientando nas dificuldades e prevenindo quando necessário. Deve defender seus irmãos dos lobos modernos que devoram os menos esclarecidas e dos ladrões que atacam, que confundem e dispersam o único rebanho do Senhor.
Padre é o homem de Deus que deve estar no meio do povo: nas Paróquias, nas Pastorais, nos Seminários, nos Hospitais, nas Escolas e Faculdades, nos Meios de Comunicação Social, nas Comunidades Inseridas e entre os mais pobres e marginalizados... É um sinal de que o Reino de Deus existe entre nós.

Onde nascem as vocações?

Na família que reza unida;
Nos grupos de catequese, de adolescentes, de coroinhas ou acólitos;
Nos grupos de jovens, grupos missionários, grupos de vivência da fé;
Nas paróquias e comunidades eclesiais, onde o Padre deve ser o maior incentivador das vocações...
Eis a nossa mensagem para que tenhamos mais padres:
Vamos rezar sempre pelas vocações;
Façamos de tudo para incentivar os jovens e adolescentes para que sigam essa vocação;
Vamos falar bem da vocação sacerdotal na família, na escola, na catequese, nos grupos de adolescentes, de jovens...
Vamos implantar em nossa comunidade o trabalho vocacional, instituindo um casal ou uma equipe que se interesse pelas vocações, que promova, incentive e oriente os adolescentes e jovens a participarem dos encontros
vocacionais;
Façamos de tudo para criar na comunidade um clima favorável ao o surgimento das vocações. Este é um trabalho conjunto exercido pelo Pároco, pelos jovens, pelos catequistas, pelas famílias, pelo Movimento Serra e
demais movimentos, pelos que animam a liturgia e grupos de reflexão. Todos somos responsáveis para que tenhamos mais sacerdotes. O Papa João Paulo II, nos ensina: “Descei no meio dos jovens e chamai, não tenhais medo de chamar”. Devemos chamar sempre. Que tal fazermos algo concreto pelas vocações em nossa comunidade? O que poderemos fazer?
Parabéns aos nossos padres!

Oração pelos sacerdotes

Senhor Jesus Cristo que, para
testemunhar-nos o vosso amor infinito, instituístes o sacerdócio
católico, a fim de permanecerdes entre nós, pelo ministério
dos padres, enviai-nos santos sacerdotes.
Nós vos pedimos por aqueles que estão conosco, à frente da nossa comunidade, especialmente pro pároco da nossa paróquia.
Pedimos pelos missionários que andam pelo mundo, enfrentando cansaço, perigos e dificuldades, para anunciar a Palavra da Salvação.
Pedimos pelos que se dedicam ao serviço da caridade, cuidando das crianças, dos doentes, dos idosos e de todos os que sofrem e estão desamparados.
Pedimos por todos aqueles que estão a serviço do vosso Reino de justiça, de amor e de paz, seja ensinando, abençoando ou administrando os sacramentos da salvação.
Amparai e confortai, Senhor, aqueles que estão cansados e desanimados, que sofrem injustiças e perseguições pelo vosso nome ou que se sentem angustiados diante dos problemas.
Fazei que todos sintam a presença do vosso amor e a força da vossa Providência.
Amém.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Manual da Legião _ Página 170 capítulo 30 "ACIES"

1. A Acies
Dada a importância da devoção à Santíssima Virgem dentro da Legião, os legionários se consagrarão, todos os anos individual e coletivamente a Nossa Senhora, no dia 25 de Março ou em outro dia conveniente, nas proximidades desta data, numa cerimônia que tem o nome de Acies.
Esta palavra latina, que significa um exército em ordem de batalha, designa, com razão, a cerimônia em que os legionários, como um só corpo, se reúnem para renovar a sua fidelidade a Maria, Rainha da Legião, e dela receber a força e a bênção para um novo ano de combate contra o exército do mal. Contrasta, além disso, com Praesidium, que apresenta a Legião, não em formação de combate, mas espalhada em várias seções, ocupadas cada qual no seu próprio trabalho.
A Acies é a grande solenidade do ano, a festa central da Legião. Insista-se, pois, com cada legionário, sobre a importantíssima obrigação de a ela assistir. A idéia central, sobre a qual tudo na Legião se sustenta, é o trabalho em união e sob a dependência de Maria, sua Rainha. A Acies é a solene declaração desta união e dependência, a renovação – individual e coletiva – do compromisso de fidelidade da Legião. Por isso, todo o legionário que, podendo assistir, não o faz, tem pouco ou nenhum espírito da Legião. Não vale a pena ter tais membros.
Eis o processo a seguir:
No dia fixado para a cerimônia, os legionários se reunirão, se possível, numa igreja. Em lugar conveniente será colocada a imagem da Imaculada Conceição, condignamente enfeitada de flores e velas e, em frente, o Vexillum Legionis, modelo grande, conforme atrás ficou descrito, no capítulo 27. A cerimônia começa por um cântico, seguido da reza das Orações Iniciais, incluindo o Terço. Em seguida, um sacerdote falará sobre o significado da Consagração a Nossa Senhora. Terminada a alocução, começa o desfile em direção à imagem. À frente vão os Diretores Espirituais, um a um; atrás, os legionários, um a um, ou dois a dois, se forem numerosos. Chegando em frente do Vexillum, param e, colocando a mão sobre a haste do estandarte, pronunciam, (um a um, ou dois a dois), em voz alta e nestes termos, a consagração individual: “Eu sou todo vosso, ó minha Rainha e minha Mãe, e tudo quanto tenho vos pertence”. Feito isto, largam o Vexillum, inclinam-se levemente e afastam-se.
Se os legionários forem numerosos, a consagração individual poderá durar bastante tempo, mas a cerimônia não deixará de ser, por isso, menos impressionante. O órgão ou harmônio contribuirá para tornar o desfile mais solene. Não se pode usar mais do que um Vexillum. Tal processo abreviaria a cerimônia, é certo, mas destruiria a unidade. A pressa soaria desarmoniosamente no conjunto. A característica especial da Acies há de ser a ordem e a dignidade. Logo que todos estejam nos seus lugares, um sacerdote, em nome de todos os presentes, lerá em alto voz um ato de Consagração a Nossa Senhora. Depois, de pé, rezam a Catena, finda a qual, se é possível, dar-se-á a Bênção do Santíssimo Sacramento. A cerimônia termina com as Orações Finais da Legião e um cântico.
Pode-se incluir a Missa na Acies. Ocupará talvez o lugar da Bênção do Santíssimo Sacramento, mantendo sem alteração os outros elementos da cerimônia. A celebração do Mistério Pascal absorverá em si e apresentará ao eterno Pai, pelo “único Mediador” e no Espírito santo, as consagrações e ofertas espirituais que acabaram de ser colocadas nas mãos maternas da “mais generosa cooperadora e escrava humilde do Senhor” (LG 61). A fórmula da consagração: “Eu sou todo vosso, etc.” não deverá ser pronunciada, mecânica e irrefletidamente. Cada um deverá concentrar nela o mais perfeito grau de entendimento e de gratidão. Para conseguirem isto mais facilmente, convém estudar a “Síntese Marial” que consta do Apêndice 11. Esforça-se esta por mostrar o papel único desempenhado por Maria na salvação e, por conseqüência, a extensão da dívida de cada um para com Ela. Talvez a Síntese possa constituir o objeto da Leitura Espiritual e da Alocução na reunião do Praesidum um pouco antes da Acies. Sugere-se o seu uso também como Ato Coletivo de Consagração na própria cerimônia.
“Maria é o terror das potestades do inferno. Ela é “terrível como um exército em ordem de batalha” (Ct 6, 9) porque, como Chefe experimentado, sabe dispor do Seu poder, da Sua misericórdia e das Suas orações, para confusão dos Seus inimigos e proveito dos Seus servos” (S. Afonso de Ligório).

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Semana Santa



O Sentido da Quaresma: Convite à oração e reflexão.


     Uma das práticas que a Igreja nos incentiva a realizar na Quaresma é a oração e a reflexão. Depois da Quarta-feira de Cinzas seguimos por quarenta dias onde vamos ao encontro com o Senhor. Neste período de 40 dias, a Igreja se une ao mistério de Jesus no deserto. Em artigo publicado no site da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Eurico dos Santos Veloso, Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG) deixa bem claro que a quaresma, desde o início do cristianismo, é um tempo especial de orientação à todos os católicos para preparar a Páscoa numa vida sóbria, com orações mais intensas e com gestos de penitência e caridade. Mais do que simples preparação para a Páscoa, a Quaresma é tempo de grande convocação para que toda a Igreja se deixe purificar do velho fermento para ser uma massa nova, levedada pela verdade”, disse Dom Eurico. Dom Eurico disse ainda que é um tempo favorável de nos convertermos ao projeto de Deus, ouvindo e acolhendo sua Palavra sempre viva e eficaz, que nos faz retomar a opção fundamental de nossa fé feita no Batismo. A Quaresma nos chama à reconciliação, à mudança de vida, a assumir a busca da humanidade inteira por libertação, justiça, dignidade, reconciliação e paz”, afirmou. Ele lembra ainda que a Quaresma coloca a Igreja bem solidária à paixão de Cristo e solidária também à paixão da humanidade, que sofre sem rumo, uns oprimindo, outros sendo oprimidos. Assim como carregamos as culpas uns dos outros, carregamos também o sofrimento nosso e alheio, pois somos um só corpo e, como no corpo humano, o que afeta um membro, afeta todo o corpo”. Dom Eurico termina suas palavras dizendo que a Quaresma tem o sentido maior de fazer-nos redimir as nossas faltas e também as faltas de toda a humanidade. É o sentido da solidariedade e, através dela, a preparação dos caminhos de um mundo melhor, mais fraterno, em direção à Ressurreição.

Por que fazemos penitência na quaresma?


     A Igreja vive agora uma caminhada para a conversão, para que os fiéis possam renunciar ao pecado. A Quaresma sempre trouxe oportunidades de graça: oração, penitência e jejum. A palavra penitência se refere especificamente aos gestos e atitudes exteriores que fazem com que haja uma aproximação da pessoa com Deus e com seu amor. Muitas vezes há uma confusão da penitência no sentido sacramental, que é a Penitência relacionada com o sacramento da Reconciliação, com fazer penitência quaresmal. No contexto da Quaresma, o Missionário Redentorista, padre Evaldo César de Souza, explica que Penitência é dedicar algum tempo para realizar um gesto de mortificação que faça perceber a finitude diante da grandeza absoluta de Deus. Os gestos e ritos penitenciais, nesse sentido, têm profundas raízes judaicas – e mesmo outros povos em outros contextos de religiosidade também praticavam gestos de penitência pessoal ou pública. No fundo, a raiz do ato penitencial humano é colocar-se humildemente diante de Deus, reconhecendo-o absoluto diante de nossa fraqueza. A ideia é sempre tornar-se menos indigno de estar na presença de Deus. Na Bíblia são muitas as passagens penitenciais e alguns gestos são significativos: rasgar as vestes, se cobrir de cinzas, fazer jejum”, detalha padre Evaldo. Outros gestos penitenciais comunitários envolviam sacrifícios de animais, sendo que o mais simbólico era o envio do chamado “bode expiatório” para o deserto, levando consigo os pecados de toda a comunidade. A Quaresma nos oferece um ‘tempo favorável’ para se deixar o pecado e voltar para Deus, e é por isso que fazemos penitência. Ele ainda explica que o objetivo não é nos fazer sofrer ou nos privar de algo que nos agrada, mas ser um meio de purificação de nossa alma: “Sabemos o que devemos fazer e como viver para agradar a Deus, mas somos fracos; a penitência é feita para nos dar forças espirituais na luta contra o pecado” Padre Evaldo disse que todo ato penitencial pretende ser um gesto de abertura ao Sagrado, ao amor de Deus que tudo transforma a partir da abertura do coração humano. Assim, uma verdadeira penitência só tem valor se for feita com o desejo íntimo de aproximar-se de Deus e de sua misericórdia redentora. Penitências que sejam apenas atos externos de sofrimento não alcançam esse objetivo. Por isso é que o profeta Oséias diz que Deus prefere a Misericórdia e não o sacrifício, aqui entendido somente como um gesto externo de oferecimento de algo ao Senhor”, mencionou. Não deixa de ser mais um ato de Penitência quaresmal o próprio ato sacramental do perdão. No Domingo da ressurreição Jesus disse (cf. Jo 20,22): “A quem vocês perdoarem os pecados, os pecados estarão perdoados”. Penitência é gesto de liberdade – Nenhuma Penitência é obrigatória, mas sempre é um gesto de liberdade. Para entender melhor essa afirmação, Pe. Evaldo exemplifica que assim como há remédios que nos auxiliam a melhorar rapidamente de uma gripe, na liberdade podemos escolher não tomar esse medicamento, retardando nossa melhora física, assim é a penitência: Com ela nossa vida se abre mais rapidamente à percepção do amor de Deus e do valor das coisas sagradas; sem ela teremos um caminho mais longo para compreender a grandeza de Deus”.

Quaresma no Ano da Fé


     Com a Quarta-feira de Cinzas, iniciamos a Quaresma e nossa preparação para a Páscoa. É tempo de ouvir e acolher com atenção renovada a Palavra de Deus, que nos chama ao encontro e à comunhão com o Deus misericordioso e salvador. É tempo de revisão, para avaliarmos como anda a nossa vida cristã e se cumprimos nossos compromissos batismais com Deus e com a Igreja, observando seus mandamentos. Na Quaresma deste Ano da Fé, faço um convite especial para nos confrontarmos com a fé que recebemos e professamos com a Igreja.
1.Temos uma fé firme? Procuremos o encontro pessoal com Deus, na leitura da Palavra de Deus, nos sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação? Peçamos a Deus, como os Apóstolos: “Senhor, aumenta a nossa fé!”. Dá-nos uma fé viva, que frutifique na esperança, na caridade e em toda obra boa!
2. Temos uma fé esclarecida, capaz de explicar a nós e aos outros o que cremos, enquanto católicos? Procuremos ler e estudar o Catecismo da Igreja Católica, que nos explica a fé da Igreja. A fé pouco esclarecida e que não tem raízes profundas e fortes, pode facilmente ser desviada ou perdida.
3. Abandonamos a fé, ou negamos alguma parte da fé da Igreja? Façamos penitência e peçamos o perdão de Deus. A infidelidade na fé é pecado contra Deus. É fechar as portas a Deus e afastar-se dele. Peçamos perdão a Deus pelos pecados contra a fé.
     Em todo o caso, procuremos e peçamos a fé, pois é ela que nos possibilita entrar em comunhão com Deus e receber dele a vida. Deus não deixa de dar a fé a quem a pede. Durante a Quaresma, preparemo-nos para fazer a renovação alegre e convicta de nossa fé, no Sábado Santo, durante a celebração da Vigília Pascal. Para a Quaresma, aconselho a ler novamente minha Carta Pastoral – Senhor, aumentai a nossa fé – escrita para toda a Arquidiocese de São Paulo em vista do Ano da Fé.      Boa Quaresma de 2013 a todos! Boa preparação para a Páscoa!

Mensagem de Bento XVI para a Quaresma 2013


     Queridos irmãos e irmãs!
     
    A celebração da Quaresma, no contexto do Ano da fé, proporciona-nos uma preciosa ocasião para meditar sobre a relação entre fé e caridade: entre o crer em Deus, no Deus de Jesus Cristo, e o amor, que é fruto da ação do Espírito Santo e nos guia por um caminho de dedicação a Deus e aos outros.
1. A fé como resposta ao amor de Deus
Na minha primeira Encíclica, deixei já alguns elementos que permitem individuar a estreita ligação entre estas duas virtudes teologais: a fé e a caridade. Partindo duma afirmação fundamental do apóstolo João: “Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele” (1 Jo 4, 16), recordava que, “no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. (…) Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um ‘mandamento’, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro” (Deus caritas est, 1). A fé constitui aquela adesão pessoal – que engloba todas as nossas faculdades – à revelação do amor gratuito e “apaixonado” que Deus tem por nós e que se manifesta plenamente em Jesus Cristo. O encontro com Deus Amor envolve não só o coração, mas também o intelecto: “O reconhecimento do Deus vivo é um caminho para o amor, e o sim da nossa vontade à d’Ele une intelecto, vontade e sentimento no ato globalizante do amor. Mas isto é um processo que permanece continuamente a caminho: o amor nunca está ‘concluído’ e completado” (ibid., 17). Daqui deriva, para todos os cristãos e em particular para os “agentes da caridade”, a necessidade da fé, daquele “encontro com Deus em Cristo que suscite neles o amor e abra o seu íntimo ao outro, de tal modo que, para eles, o amor do próximo já não seja um mandamento por assim dizer imposto de fora, mas uma consequência resultante da sua fé que se torna operativa pelo amor” (ibid., 31). O cristão é uma pessoa conquistada pelo amor de Cristo e, movido por este amor – “caritas Christi urget nos” (2 Cor 5, 14) – , está aberto de modo profundo e concreto ao amor do próximo (cf. ibid., 33). Esta atitude nasce, antes de tudo, da consciência de ser amados, perdoados e mesmo servidos pelo Senhor, que Se inclina para lavar os pés dos Apóstolos e Se oferece a Si mesmo na cruz para atrair a humanidade ao amor de Deus. “A fé mostra-nos o Deus que entregou o seu Filho por nós e assim gera em nós a certeza vitoriosa de que isto é mesmo verdade: Deus é amor! (…) A fé, que toma consciência do amor de Deus revelado no coração trespassado de Jesus na cruz, suscita por sua vez o amor. Aquele amor divino é a luz – fundamentalmente, a única – que ilumina incessantemente um mundo às escuras e nos dá a coragem de viver e agir” (ibid., 39). Tudo isto nos faz compreender como o procedimento principal que distingue os cristãos é precisamente “o amor fundado sobre a fé e por ela plasmado” (ibid., 7).
2. A caridade como vida na fé
Toda a vida cristã consiste em responder ao amor de Deus. A primeira resposta é precisamente a fé como acolhimento, cheio de admiração e gratidão, de uma iniciativa divina inaudita que nos precede e solicita; e o “sim” da fé assinala o início de uma luminosa história de amizade com o Senhor, que enche e dá sentido pleno a toda a nossa vida. Mas Deus não se contenta com o nosso acolhimento do seu amor gratuito; não Se limita a amar-nos, mas quer atrair-nos a Si, transformar-nos de modo tão profundo que nos leve a dizer, como São Paulo: Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim (cf. Gl 2, 20). Quando damos espaço ao amor de Deus, tornamo-nos semelhantes a Ele, participantes da sua própria caridade. Abrirmo-nos ao seu amor significa deixar que Ele viva em nós e nos leve a amar com Ele, n’Ele e como Ele; só então a nossa fé se torna verdadeiramente uma “fé que atua pelo amor” (Gl 5, 6) e Ele vem habitar em nós (cf. 1 Jo 4, 12). A fé é conhecer a verdade e aderir a ela (cf. 1 Tm 2, 4); a caridade é “caminhar” na verdade (cf. Ef 4, 15). Pela fé, entra-se na amizade com o Senhor; pela caridade, vive-se e cultiva-se esta amizade (cf. Jo 15, 14-15). A fé faz-nos acolher o mandamento do nosso Mestre e Senhor; a caridade dá-nos a felicidade de pô-lo em prática (cf. Jo 13, 13-17). Na fé, somos gerados como filhos de Deus (cf. Jo 1, 12-13); a caridade faz-nos perseverar na filiação divina de modo concreto, produzindo o fruto do Espírito Santo (cf. Gl 5, 22). A fé faz-nos reconhecer os dons que o Deus bom e generoso nos confia; a caridade fá-los frutificar (cf. Mt 25, 14-30).
3. O entrelaçamento indissolúvel de fé e caridade
À luz de quanto foi dito, torna-se claro que nunca podemos separar e menos ainda contrapor fé e caridade. Estas duas virtudes teologais estão intimamente unidas, e seria errado ver entre elas um contraste ou uma “dialética”. Na realidade, se, por um lado, é redutiva a posição de quem acentua de tal maneira o carácter prioritário e decisivo da fé que acaba por subestimar ou quase desprezar as obras concretas da caridade reduzindo-a a um genérico humanitarismo, por outro é igualmente redutivo defender uma exagerada supremacia da caridade e sua operatividade, pensando que as obras substituem a fé. Para uma vida espiritual sã, é necessário evitar tanto o fideísmo como o ativismo moralista. A existência cristã consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus. Na Sagrada Escritura, vemos como o zelo dos Apóstolos pelo anúncio do Evangelho, que suscita a fé, está estreitamente ligado com a amorosa solicitude pelo serviço dos pobres (cf. At 6, 1-4). Na Igreja, devem coexistir e integrar-se contemplação e ação, de certa forma simbolizadas nas figuras evangélicas das irmãs Maria e Marta (cf. Lc 10, 38-42). A prioridade cabe sempre à relação com Deus, e a verdadeira partilha evangélica deve radicar-se na fé (cf. Catequese na Audiência geral de 25 de Abril de 2012). De fato, por vezes tende-se a circunscrever a palavra “caridade” à solidariedade ou à mera ajuda humanitária; é importante recordar, ao invés, que a maior obra de caridade é precisamente a evangelização, ou seja, o “serviço da Palavra”. Não há ação mais benéfica e, por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana. Como escreveu o Servo de Deus Papa Paulo VI, na Encíclica Populorum progressio, o anúncio de Cristo é o primeiro e principal fator de desenvolvimento (cf. n. 16). A verdade primordial do amor de Deus por nós, vivida e anunciada, é que abre a nossa existência ao acolhimento deste amor e torna possível o desenvolvimento integral da humanidade e de cada homem (cf. Enc. Caritas in veritate, 8). Essencialmente, tudo parte do Amor e tende para o Amor. O amor gratuito de Deus é-nos dado a conhecer por meio do anúncio do Evangelho. Se o acolhermos com fé, recebemos aquele primeiro e indispensável contato com o divino que é capaz de nos fazer “enamorar do Amor”, para depois habitar e crescer neste Amor e comunicá-lo com alegria aos outros. A propósito da relação entre fé e obras de caridade, há um texto na Carta de São Paulo aos Efésios que a resume talvez do melhor modo: “É pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque nós fomos feitos por Ele, criados em Cristo Jesus, para vivermos na prática das boas ações que Deus de antemão preparou para nelas caminharmos” (2, 8-10). Daqui se deduz que toda a iniciativa salvífica vem de Deus, da sua graça, do seu perdão acolhido na fé; mas tal iniciativa, longe de limitar a nossa liberdade e responsabilidade, torna-as mais autênticas e orienta-as para as obras da caridade. Estas não são fruto principalmente do esforço humano, de que vangloriar-se, mas nascem da própria fé, brotam da graça que Deus oferece em abundância. Uma fé sem obras é como uma árvore sem frutos: estas duas virtudes implicam-se mutuamente. A Quaresma, com as indicações que dá tradicionalmente para a vida cristã, convida-nos precisamente a alimentar a fé com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus e a participação nos Sacramentos e, ao mesmo tempo, a crescer na caridade, no amor a Deus e ao próximo, nomeadamente através do jejum, da penitência e da esmola.
4. Prioridade da fé, primazia da caridade
Como todo o dom de Deus, a fé e a caridade remetem para a ação do mesmo e único Espírito Santo (cf. 1 Cor 13), aquele Espírito que em nós clama:”Abbá! – Pai!” (Gl 4, 6), e que nos faz dizer: “Jesus é Senhor!” (1 Cor 12, 3) e “Maranatha! – Vem, Senhor!” (1 Cor 16, 22; Ap 22, 20). Enquanto dom e resposta, a fé faz-nos conhecer a verdade de Cristo como Amor encarnado e crucificado, adesão plena e perfeita à vontade do Pai e infinita misericórdia divina para com o próximo; a fé radica no coração e na mente a firme convicção de que precisamente este Amor é a única realidade vitoriosa sobre o mal e a morte. A fé convida-nos a olhar o futuro com a virtude da esperança, na expectativa confiante de que a vitória do amor de Cristo chegue à sua plenitude. Por sua vez, a caridade faz-nos entrar no amor de Deus manifestado em Cristo, faz-nos aderir de modo pessoal e existencial à doação total e sem reservas de Jesus ao Pai e aos irmãos. Infundindo em nós a caridade, o Espírito Santo torna-nos participantes da dedicação própria de Jesus: filial em relação a Deus e fraterna em relação a cada ser humano (cf. Rm 5, 5). A relação entre estas duas virtudes é análoga à que existe entre dois sacramentos fundamentais da Igreja: o Batismo e a Eucaristia. O Batismo (sacramentum fidei) precede a Eucaristia (sacramentum caritatis), mas está orientado para ela, que constitui a plenitude do caminho cristão. De maneira análoga, a fé precede a caridade, mas só se revela genuína se for coroada por ela. Tudo inicia do acolhimento humilde da fé (“saber-se amado por Deus”), mas deve chegar à verdade da caridade (“saber amar a Deus e ao próximo”), que permanece para sempre, como coroamento de todas as virtudes (cf. 1 Cor 13, 13). 
     Caríssimos irmãos e irmãs, neste tempo de Quaresma, em que nos preparamos para celebrar o evento da Cruz e da Ressurreição, no qual o Amor de Deus redimiu o mundo e iluminou a história, desejo a todos vós que vivais este tempo precioso reavivando a fé em Jesus Cristo, para entrar no seu próprio circuito de amor ao Pai e a cada irmão e irmã que encontramos na nossa vida. Por isto elevo a minha oração a Deus, enquanto invoco sobre cada um e sobre cada comunidade a Bênção do Senhor!

Vaticano, 15 de Outubro de 2012

Repartir o pão


     O jejum e a caridade funcionam como ‘asas da oração’’. A afirmação é do Papa Bento XVI e reforça a preocupação com o próximo, que deve nortear o comportamento dos cristãos no período da Quaresma, iniciada na Quarta-Feira de Cinzas. Assim como o jejum e a caridade, a oração e a penitência são comuns neste período e devem ser realizados com o intuito de redescobrir a graça do Batismo, renovando a fidelidade a Jesus Cristo e tornando viva na memória sua Redenção pela humanidade. Nesta edição, o Jornal Santuário, publicação da Editora Santuário, dá início a uma série especial de reportagens enfocando as práticas do jejum, da oração e da penitência, tomando como ponto de partida a primeira delas. E como o blog da Semana Santa tem como um dos seus objetivos oferecer subsídios aos internautas que querem se preparar para este momento tão especial, vamos disponibilizar a série do JS. JEJUM - O jejum é uma das muitas formas de penitência indicadas pela Igreja não só na Quaresma, mas ao longo de todo o ano. Mas, por que o sacrifício, se Jesus significa amor e perdão e nos ensina a cultivar esses valores? O jejum não é uma forma de castigo ou algo difícil e penoso às pessoas, mas exatamente uma forma de demonstrar o amor para com Jesus Cristo, partindo do seu sacrifício redentor”, responde o Missionário Redentorista Pe. Inácio Medeiros, que atua no Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
     Por isso, o significado de se privar da alimentação em determinado dia da Quaresma é justamente fazer um sacrifício voluntário, demonstrando concretamente sua adesão a Jesus Cristo e a seu projeto de salvação, assim como o próprio Redentor fez, jejuando 40 dias e 40 noites no deserto. Verdadeiro sentido - Para o Missionário Redentorista, o verdadeiro sentido do jejum é que a prática deve necessariamente brotar do coração de cada fiel, como uma expressão do amor para com Deus e do agradecimento pelo fato de Jesus Cristo ter dado a própria vida para salvar o mundo.
Nesse sentido, o jejum, a abstinência ou qualquer outra forma de sacrifício devem estar relacionados a uma finalidade maior. “Tem de ter em vista um bem maior, que é a transformação da vida da pessoa. E, quando a gente fala de transformação, sempre é para algo maior”, aponta Pe. Inácio. O sacerdote reforça que a Quaresma é um tempo especial para a análise da vida de cada cristão, para que se faça um exame de consciência mais intenso. Pelo fato de significar um período mais profundo de transformação da vida, a recomendação é deixar de lado os erros, as fraquezas e as limitações.
     Portanto, é com essa finalidade que o jejum e outros sacrifícios devem acontecer, ajudando no processo de transformação e de aperfeiçoamento de cada um. Pe. Inácio Medeiros alerta, porém, que muita gente passa o tempo da Quaresma fazendo determinado sacrifício, como praticar o jejum, por exemplo, e depois abusa da comida para compensar o que deixou de comer. Outra observação do sacerdote é que a prática do jejum não deve ser transformada em permuta com Deus. “Tipo assim: eu fico a Quaresma sem comer carne, ou sem fumar, ou sem tomar refrigerantes, para que Deus me faça isso ou aquilo”, exemplifica, lembrando que o sacrifício não pode significar comércio. Jejum e caridade - O jejum possui uma relação estreita com a caridade, devendo levar à prática de obras de misericórdia. Por isso, é preciso pensar em doar a quem precisa, aplicando o que se gastaria na aquisição de alimentos em uma obra de caridade, por exemplo. “Ou seja, eu retiro não daquilo que me sobra, mas uma parte daquilo que é necessário para mim; e essa parte eu vou aplicar numa obra de solidariedade para com os irmãos”, explica Pe. Inácio.
     Segundo o religioso, é com base nesse princípio que a Igreja no Brasil propõe a Campanha da Fraternidade no tempo da Quaresma. “Não é apenas questão de fazer penitência, de jejuar, de se abster da carne, mas ligar esse gesto com o gesto da fraternidade, que é muito mais importante”, completa.

Apelos da Quaresma


     Os apelos da Quaresma, tempo precioso que a Igreja Católica, por quarenta dias, consagra como preparação para a Páscoa do Senhor, ecoam na consciência dos cristãos, homens e mulheres. Ecoa porque o núcleo mais importante de cada pessoa é a própria consciência, problema que é um fenômeno central de nosso tempo, como também é central na reflexão moral cristã. O contexto contemporâneo está na fase de reconhecimento e valorização, cada vez mais nítida, da responsabilização da pessoa e do caráter originário de sua consciência. Já é distante a fase na qual houve a exaltação unilateral da lei objetiva – da polis e do jus do Estado romano – passando pela consideração estóica da consciência como seu eco e reflexo, até a responsabilização de cada pessoa considerando-se a essencialidade de sua consciência, condição determinante na vivência da dignidade e responsabilidade ao estruturar-se como cidadão. Estas referências são suficientes para concluir que os apelos da Quaresma, por configuração própria de sua significação ética e moral, e garantia da sustentabilidade do que é próprio da consciência, podem e devem ecoar no coração dos cristãos. Bem como, no de toda e qualquer pessoa, como ajuda indispensável para correção, acertos e manutenção do que é a sua mais importante referência de sustento: a consciência, com sua moralidade e princípios que a mantêm com integridade.
     O evangelista Marcos, no capítulo sete do seu Evangelho, narra com maestria inigualável, de maneira direta, simples e muito eficaz, como Jesus – o cordeiro pascal imolado na grande festa da redenção, a Páscoa -, ensina aos seus discípulos esse importante e básico entendimento moral, disciplinar e comportamental. Depois de falar à multidão, já a sós com os discípulos, em casa, enquanto lhe faziam perguntas sobre os ensinamentos de suas parábolas, por ter dito que o que sai da pessoa é que a torna impura, esclareceu: “Também vós não entendeis? Não compreendeis que nada que de fora entra na pessoa a torna impura, porque não entra no seu coração, mas no estômago, e vai para a fossa?” Assim Jesus declarou puro todo alimento. E acrescentou: “O que sai da pessoa é que a torna impura. Pois é de dentro, do coração humano, que saem as más intenções: imoralidade sexual, roubos, homicídios, adultérios, ambições desmedidas, perversidades, fraude, devassidão, inveja, calúnia, orgulho e insensatez. Todas essas coisas saem de dentro e são elas que tornam alguém impuro”. O coração é a consciência da pessoa. Aí é que está o sustento ou a derrocada de suas opções, comportamentos e compromissos éticos e cidadãos. Tendo um coração, uma consciência, cada pessoa é precisada e depositária de apelos que lhe devolvam a condição da possibilidade de conquistar a integridade ética e moral que, na verdade, define sua dignidade e vivência. Nisso está, incontestavelmente, a explicação dos desmandos que geram abusos de poder e arbitrariedades, comuns desde a família, passando pelas instituições religiosas até as governamentais, todas elas a serviço da vida em comum. Este entendimento explica a gravidade da corrupção que se configura como abominável cultura, do jeito maroto de passar o outro para trás incluindo também outros absurdos, por exemplo, verbas públicas, destinadas à melhoria da condição social dos mais pobres, que são embolsadas e interceptadas no seu percurso, jamais chegando ao devido destino.
     Há uma lista grande de inconveniências e descompassos na conduta individual, na configuração social e política que precisam ser iluminadas e interpeladas pelos apelos próprios da Quaresma. Apelos que vêm com o anúncio da Palavra de Deus indicando o medicamento que se toma como escuta amorosa e com atenção redobrada. Essa escuta ilumina o mais íntimo da consciência, faz desabrochar, pelo desejo de conversão, a convicção de que é preciso viver o dia a dia de modo diferente, mais qualificado, humanizado, à altura da dignidade humana e cidadã de cada um. Uma convicção que dá gosto, um percurso saudável, qualificado e frutuoso.
     O Papa Bento XVI, na sua rica mensagem quaresmal, referindo-se às tentações narradas pelo evangelista Mateus – Evangelho do primeiro domingo da Quaresma – sublinha que a nossa condição de homens nesta terra é o combate às tentações, a exemplo de Jesus, tomando consciência de nossa própria fragilidade.
     Bem assim, é preciso ter consciência clara, diz o Papa, de que o diabo é ativo e não se cansa de tentar quem quer se aproximar de Deus. Põe-se o desafio, indica o pontífice, que cada um deve se esforçar para distanciar-se dos boatos da vida cotidiana e imergir na presença de Deus. Acontecimentos, sinais da natureza, a vida, o dia a dia, indicam o quanto é necessário e urgente acolher os apelos da Quaresma.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte (MG)