O significado da Ascensão de Cristo ao Céu
“E o Senhor Jesus, depois de ter-lhes falado, foi arrebatado ao
Céu e sentou-se à direita de Deus” (Mc 16,19). Depois da Ressurreição, Jesus
esteve quarenta dias com os discípulos, onde comeu e bebeu familiarmente com
eles e os instruiu sobre o Reino de Deus. Nesses dias sua glória estava ainda
velada debaixo de uma humanidade comum; e a sua última aparição termina com a
entrada de sua humanidade na glória divina, simbolizada pela nuvem e pelo céu.
Na Carta aos efésios, São Paulo diz: “Deus manifestou a sua
força em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua
direita no céu, bem acima de toda autoridade, poder, potência, soberania ou
qualquer título que se possa nomear não somente neste mundo, mas ainda no
futuro. Sim, ele pôs tudo sob os seus pés e fez dele, que está acima de tudo, a
Cabeça da Igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude
universal” (Ef 1, 20-23).A Igreja ensina que “Jesus,
rei da glória, subiu ante os anjos maravilhados ao mais alto dos Céus, e tornou-se
o mediador entre Deus e a humanidade redimida, juiz do mundo e Senhor do
universo. Ele, nossa Cabeça e princípio, subiu aos Céus, não para afastar-se de
nossa humildade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da
imortalidade… Ele, após a ressurreição, apareceu aos discípulos e, à vista
deles, subiu aos céus, a fim de nos tornar participantes da sua divindade”.
(Prefácio da Ascensão I, II)
A elevação de Jesus na Cruz significa e anuncia a elevação da
Ascensão ao céu. Jesus Cristo, o único Sacerdote da nova e eterna Aliança, não
“entrou em um santuário feito por mão de homem… e sim no próprio céu, a fim de
comparecer agora diante da face de Deus a nosso favor” (Hb 9,24). No céu,
Cristo exerce em caráter permanente seu sacerdócio, “por isso é capaz de salvar
totalmente aqueles que, por meio dele, se aproximam de Deus, visto que ele vive
eternamente para interceder por eles” (Hb 7,25). Como “sumo sacerdote dos bens
vindouros” (Hb 9,11), ele é o centro e o ator principal da liturgia que honra o
Pai nos Céus. (cf. Cat. §662)
Por “estar sentado à direita do Pai” entendemos a glória e a
honra da divindade, onde aquele que existia como Filho de Deus antes de todos
os séculos, se sentou corporalmente junto do Pai, como homem também, com
a sua carne glorificada. Assim, através de Jesus a humanidade, outrora expulsa
do Paraíso, agora volta para o convívio de Deus. Daí Cristo glorioso vai
derramar o Espírito Santo sobre a Igreja para que ela cumpra a sua missão de
resgatar os filhos de Deus.
O sentar-se à direita do Pai significa também “a inauguração do
Reino do Messias, realização da visão do profeta Daniel no tocante ao Filho do
Homem: “A Ele foram outorgados o império, a honra e o reino, e todos os povos,
nações e línguas o serviram. Seu império é um império eterno que jamais
passará, e seu reino jamais será destruído” (Dn 7,14). A partir desse momento,
os Apóstolos se tomaram as testemunhas do “Reino que não terá fim”. (Cat. §664)
Por isso, na Festa da Ascensão do Senhor a Igreja reza: “Ó Deus
todo poderoso, a Ascensão do vosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar
de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros do seu corpo, somos
chamados na esperança a participar da sua glória”. Assim, a Ascensão de Jesus é
uma preparação e antecipação da glorificação também de cada cristão que o segue
fielmente. Significa que o cristão deve viver com os pés na terra, mas com o
coração no céu, a nossa pátria definitiva e verdadeira, como São Paulo lembrou
os filipenses: “nós somos cidadãos do Céu” (Fl 3, 30).
Em vista Ascensão de Jesus ao Céu, São Paulo nos exorta: “Se,
portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo
está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da
terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus…
Mortificai, pois, os vossos membros no que têm de terreno: a devassidão, a
impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria” (Col 3,
1-3).
O cristão vive neste mundo sem ser do mundo, caminha entre as
coisas que passa abraçando somente as que não passa.
Prof.
Felipe Aquino
VÍDEO
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