Maio, mês que toca nosso coração e por
vários motivos: é o mês em que celebramos o Dia das Mães, e entre todas elas,
aquela que é a mãe de Deus e nossa Mãe, a Virgem Maria a quem amamos e
reverenciamos em todo o Brasil, com o titulo de Nossa Senhora Aparecida, nossa
padroeira.
Celebrar as mães é celebrar a vida, é celebrar sua presença
amorosa no lar, presença que acolhe, cuida, educa e ajuda a crescer. No Dia das
Mães queremos cumprimentar e agradecer a todas as mulheres deste imenso Brasil
que assumem e vivem com dedicação e responsabilidade sua vocação materna, que
se realiza de diversas maneiras, seja no cuidado dos próprios filhos, seja na
acolhida e adoção de outros, seja na vida consagrada, que, ao renunciar a
maternidade biológica, pelo Reino de Deus, não abdica da maternidade
espiritual, mas a realiza ao entregar toda a vida ao serviço de tantas
crianças. Deus Pai, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, derrame suas
bênçãos sobre todas as mães do nosso Brasil.
Maio é também o mês de Maria, e desde o início da evangelização
do Brasil, Nossa Senhora teve e tem uma grande presença na formação e na
vivência cristã do nosso povo. Pode-se dizer que a nossa cultura tem raiz
cristã e mariana. Basta observar quantas dioceses, paróquias, cidades, vilas,
bairros, serras, rios, colégios, empresas, pessoas trazem o nome da Mãe do Céu,
sob os mais diferentes títulos com os quais é invocada no Brasil e no mundo,
para perceber o quanto o nosso povo, venera e ama a Virgem Maria.
Que Nossa Senhora Aparecida abençoe todos os lares do Brasil,
para que sejam uma pequena igreja doméstica, onde se vive o amor, a fé, a união
e a paz.
É um convite para voltarmos nosso olhar
a esta Mãe
As referências dos Evangelhos e do Atos
dos Apóstolos a Maria, Mãe de Jesus, apesar de poucas, deixam ver muito desta
privilegiada criatura, escolhida para tão alta missão. São Paulo, na Carta aos
Gálatas (4,4), dá a entender claramente que, no pensamento divino de nos enviar
o Seu Filho, quando os tempos estivessem maduros, uma Mulher era predestinada a
no-Lo dar. Para que se compreenda a presença da Virgem Maria nesta
predestinação divina, a Igreja, na festa de 8 de dezembro, aplica à Mãe de Deus
aquilo que o livro dos Provérbios (8, 22) diz da sabedoria eterna: "Os
abismos não existiam e eu já tinha sido concebida. Nem fontes das águas haviam
brotado nem as montanhas se tinham solidificado e eu já fora gerada. Quando se
firmavam os céus e se traçava a abóboda por sobre os abismos, lá eu estava
junto dele e era seu encanto todos os dias". Era, pois, a predestinada
nos planos divinos.
Para se perceber melhor o perfil materno
de Nossa Senhora, três passagens bíblicas podem esclarecer isso. A primeira é a
das Bodas de Caná, que realça a intercessora. Quando percebeu – o olhar
feminino que tudo vê e tudo observa – estar faltando vinho, sussurra no ouvido
do Filho sua preocupação e obtém, quase sem pedir, apenas sugerindo, o milagre
da transformação da água em generoso vinho. Ela é, de fato, a mãe que se
interessa pelos filhos de Deus que são seus filhos.
Outra passagem do Evangelho
esclarecedora da personalidade de Maria é a que nos mostra seu silêncio e sua
humildade. O anjo a encontra na quietude de sua casa, rezando, para dizer-lhe
que fora escolhida por Deus para dar ao mundo o Emanuel, o Salvador. Ela se assusta
com a mensagem celeste, porque, na sua humildade, nunca poderia ter pensado em
ser escolhida do Altíssimo. Acolhe assim, por vontade divina, a palavra do
mensageiro, silenciosamente, sem dizer, nem sequer ao noivo, José, o que nela
se realizava. Deus tem o direito de escolher e por isso ela diz apenas o
generoso “sim” que a tornou Mãe de Deus.
O terceiro traço de Maria-Mãe é sua
corajosa atitude diante do sofrimento. Ao apresentar o seu Jesus no templo,
ouve a assustadora profecia do velho Simeão: “Uma espada de dor
transpassará a tua alma”. Pouco mais tarde, estreitando ao peito o Menino
Jesus, deve fugir para o Egito com o esposo, para que a crueldade de Herodes
não atingisse a Criança que – pensava ele, Herodes – lhe poderia roubar o
trono. Quando seu Filho tem doze anos, desencontra-se dele e, ao achá-Lo após
três dias, queixa-se amorosamente: “Por que fizeste isto? Eu e teu pai te
procurávamos, aflitos”. Sua coragem se confirma na Paixão e Crucifixão de
Jesus. De pé, ali no Calvário, sofre e associa-se ao sacrifício do Redentor. É
a mulher forte, a mãe corajosa e firme, a quem a dor não derruba. De fato, a
espada de Simeão lhe atravessara a alma e o coração. É a Senhora das Dores.
Maio, mês dedicado a Nossa Senhora, pela
piedade cristã, é um convite para voltarmos nosso olhar a esta Mãe querida para
pedir-lhe que abra as mãos maternas em bênção de carinho sobre nossos passos
nesta difícil escalada da Jerusalém celeste.
Dom Benedicto de Ulhoa Vieira
Arcebispo Emérito de Uberaba - MG
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